sexta-feira, 24 de abril de 2009

UM DISCURSO AGUARDADO





Era só o que faltava agora. É que, por via de recados, indirectas de um e de outro lado e razões que se reflectem nas opiniões dos cidadãos portugueses, surgisse agora um conflito institucional que envolvesse o Presidente da República e o primeiro-ministro, contrariando uma postura que se vinha a observar desde que o Executivo actual tomou posse.
As afirmações de que se tomaram conhecimento nos últimos tempos é que, mesmo sem indicação expressa do destinatário, existe um indício de que as coisas não estão agora a correr como antes. Durou algum tempo o anterior “namoro”, mas era inevitável que o escurecimento das actuações políticas de José Sócrates acabariam por provocar um afastamento do responsável de Belém. E isso, no discurso presidencial que é aguardado com grande expectativa na comemoração do 25 de Abril, marcando os 35 anos decorridos desde 1974, espera-se que fique aclarado amanhã. Na verdade, tem de chegar a altura em que também Cavaco Silva dará mostras de que não se pode conformar com o tratamento que tem sido dado aos problemas que afligem o nosso País e que, mais vezes do que seria desejável, não têm sido encarados com a lucidez política, económica e social que se impõem.
Se uma Revolução, pelo facto de representar uma alteração do sistema de governação de um país, não é natural que surja com a pacificação desejada, pois há sempre quem concorde e quem discorde, no caso português provocou algum trauma de comportamento, pois a Liberdade não é logo entendida e a libertinagem é aproveitada pelos oportunistas, que os há sempre em todas as situações. No caso nacional, impôs-se aguardar algum tempo, fazer acalmar os que apanham sempre os comboios em andamento, nada tendo feito para os pôr a andar, e, especialmente no caso do chamado ultramar português, por culpa primeiro do último chefe do Governo, Marcello Caetano, que se deixou vencer pelas forças reaccionárias que tinham ficado no “reinado” salazarista, e, depois, porque os militares revolucionários não tiveram capacidade para entender que era indispensável acomodar a viragem política produzida ao que os países europeus já democratizados seguiam, tudo isso fez com que o respirar ar puro e fresco no ambiente nacional não se tivesse imposto com a facilidade que seria desejada.
Estamos nesta altura numa fase, pré-eleitoral, que aponta para dificuldades de governação que se aproximam. E isso, depois de termos atravessado um período em que o Executivo de Sócrates, por nítida falta de saber ouvir o que outros poderiam e ainda poderão contribuir para solucionar certos problemas, essa atitude democrato-totalitária foi causadora de um excessivo descontentamento popular, se bem que, verdade seja dita, da parte das oposições não se tem descortinado nenhuma opção totalmente satisfatória.
Estamos, pois, na expectativa de verificar o que amanhã vai Cavaco Silva dizer ao País. Eu, por mim, aguardo com impaciência. E bastante preocupado.

Sem comentários: