sexta-feira, 10 de abril de 2009

ADOPÇÃO




Tornou-se pública a notícia de que existem cerca de 11 mil crianças a viver em instituições em Portugal, das quais à volta de duas mil estão em condições legais para serem adoptadas. Indicam também os números que 3.154 estão em situação de adoptabilidade, com idades compreendidas entre o 0 e os 10 anos, mais concretamente 579 com menos de 3 anos, 560 entre os 4 e os 6 anos e só 63 têm mais de 15 anos.
Analisando em pormenor os números, temos que 811 têm a adopção decretada, 626 encontram-se em fase de pré-adopção, 554 aguardam proposta do candidato, 101 estão em vias de integração no seio familiar e 34 situa-se na fase de alteração de projecto de vida.
No que se refere a candidatos existem 2.541 já seleccionados e 2.466 a aguardar resposta, mostrando estes preferência por adopção de crianças caucasianas. As tendências multiplicam-se por diversas escolhas, quer quanto à idade, como no que se refere ao sexo.
Por aqui se pode avaliar como os pedidos para acolher crianças no seio familiar não faltam, o que tarda excessivamente são as escolhas dos serviços respectivo para, com a indispensável análise das condições dos adoptantes, fazerem as entregas e, posteriormente, as vigias, da criançada que se encontra a aguardar famílias que lhes cuidem do futuro. E é preciso ter em conta que os anos passam muito depressa, sobretudo para os rapazes e raparigas que precisam urgentemente de integração e que, não o sendo em idade quanto mais tenra melhor, acabam por resistir mais e também tornar-se mais difícil fazê-los aceitar caras novas na sua vida.
Todos nós sabemos que as situações no nosso País, por mais urgentes que se apresentem, se defrontam constantemente com as burocracias de que tanto gostam os serviços oficiais. Papéis e mais papéis, carimbos, passeios de responsabilidades de departamentos para departamentos, aguardar por melhores ocasiões, sobretudo em pastas e em gavetas que se conservam fechadas. E o problema que espere. Mas isto tem de mudar um dia.
E é caso para fazer a pergunta: então os funcionários, superiores e médios, que têm a seu cargo encaminhar os infelizes rapazes e raparigas que tiveram a pouca sorte de não contar com os progenitores naturais, são capazes de dormir, todas as noites, descansados, sabendo que depende da sua agilidade de despachar rapidamente os processos que têm sobre as suas secretárias a felicidade de miudagem à espera de protecção familiar?
Não consigo aceitar qualquer tipo de desculpa que possa ser apresentada por esses mortais, também eles, possivelmente homens ou mulheres de família, gente que, ao chegar a casa se envolve com os filhos ou os netos e que não pode deixar de pensar que outras crianças se encontram, meses e anos à espera que os burocratas resolvam as suas situações. Mas que os há… há!

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