quinta-feira, 23 de abril de 2009

OUTRA PERGUNTA A SÓCRATES


Cá está o que eu teria perguntado ao primeiro-ministro na entrevista que ele concedeu na televisão: e tratava-se de uma questão que, sem dúvida, interessaria a um elevadíssimo número de telespectadores, pois é uma infinidade de portugueses que sentem nos bolsos o preço dos combustíveis que, tendo subido assustadoramente em face do custo na origem, verificando-se essa ascensão logo a seguir a tomar-se conhecimento dos aumentos, sem dar tempo quase a que se tratassem de novas aquisições pelas companhias que, obviamente, bem aproveitaram as notícias para tirarem partido lucrativo com a marcação de novos preços sobre gasolina já guardada nos depósitos e adquirida com cotações anteriores e mais baixas.
Isto, poderá a Autoridade da Concorrência fazer afirmações como entender em defesa das companhias petrolíferas, que o público em geral não pode aceitar tais argumentos e, quando o presidente daquela instituição responde aos deputados da Assembleia da República dizendo que a “situação nacional é boa e que é difícil conseguir ter preços muito melhores do que os que temos”, isso no capítulo dos combustíveis, e, ainda por cima, garantir que não se verifica uma concertação entre as várias companhias no que se refere a ajustamento de tarifas, como é bom de ver, ninguém acredita e fica-se até bastante surpreendido com esta defesa atabalhoada de empresas que, como é sabido, ganham fortunas e estas evoluções de preços até ajudam a aumentar os lucros. A GALP, sobretudo, por se tratar de uma companhia nacional e dominada pelo Estado, tinha obrigação de contribuir para que os portugueses fossem aliviados deste sacrifício, para mais tendo ao lado um País onde se podem encher os depósitos dos carros por valores muito inferiores.
Repito, pois, aqui está um tema que bem poderia e deveria ter sido posto ao primeiro-ministro na entrevista que só serviu para ele dizer coisas que só lhe interessavam a ele, como propaganda em boca própria e até a abespinhar-se perante certas interrogações que lhe foram apresentadas. Como seria delicioso ouvir Sócrates explicar o que se passa neste particular!
Mas, quando o ser humano está convencido de que tem sempre razão e não admite que os outros não pensem da mesma forma que a sua – e é exactamente esse o comportamento dos ditadores ou até dos potenciais amantes do comando absoluto -, não há maneira de os fazer ouvir opiniões que não condigam com as suas e até não aceitam que lhes façam perguntas que consideram insultuosas, só porque podem fazer supor acusações – e vide também o que a presidente do PSD “atirou” a uma jornalista perante uma questão que lhe foi apresentada. Eles, afinal, são todos iguais!...

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