quarta-feira, 22 de abril de 2009

O QUE SÓCRATES NÃO DISSE


A entrevista que, ontem, o primeiro-ministro concedeu na SIC poderia dar motivo para que, neste primeiro blogue logo a seguir, eu me referisse ao que foi mostrado aos portugueses. Mas, assim de repente, aquilo a que todos nós assistimos foi a um sem à-vontade para contestar às perguntas que lhe foram feitas e, pelo contrário, a utilizar o tempo disponível para fazer propaganda dos seus feitos políticos e a não dar aos portugueses uma ideia do que vai ser a sua luta contra a crise. Voltarei, pois, a este tema nos blogues que se seguirem nos dias à frente. Por agora, trato de um assunto que, nem Sócrates nem nenhum dos governantes, são capazes de referir. E trata-se de um caso concreto, não de uma divagação.
A TAP apresentou no final de 2008, um prejuízo de 280 milhões de euros e, segundo informações correntes, não está a correr melhor a vida financeira da nossa empresa de aviação. Não sendo para admirar esta situação, pois outras companhias similares e de enorme dimensão – sobretudo em comparação com a nossa, que se pode considerar uma companhia aérea de pequena grandeza -, atravessam um período de dificuldades, por um lado devido ao custo do combustível que, estando agora a descer, durante um largo período “afogou” o negócio e, por outro, a crise que está a atacar todo o mundo afugenta os passageiros que estavam a habituar-se a deslocações por tudo e por nada e que, actualmente, fazem contas à vida antes de se meterem em extravagâncias.
Sendo esta uma realidade, no que diz respeito à nossa empresa de aviação vem a talho de foice recordar o que já escrevi várias vezes ao longo de muitos anos e que também este blogue foi testemunha dessa mesma opinião: que se encontra por fazer o acordo que deveria ter sido pensado e realizado há já demasiado tempo e que consiste numa sociedade entre a TAP e a Ibéria, juntando até os dois nomes que soam bem (TAP/IBERIA), por forma a encaminhar os viajantes de diferentes partes do mundo para o nosso território, a Ibéria, e, com isso, também fazendo uma enorme economia numa outra área, que é a das instalações de turismo que, os dois Países, possuem espalhados pelo mundo.
Eu explico melhor, para aqueles que não tenham tomado conhecimento deste meu ponto de vista tão antigo. O nosso País mantém, com elevados custos, escritórios e lojas de turismo em diferentes cidades estrangeiras, Nova Iorque, Londres, Paris, Franckfurt,. Bruxelas, etc., etc., isso, para além de escritórios também dedicados à propagação dos produtos nacionais que procuram exportação e que são mantidos pelo AICEP. Ora, essa manutenção custa muito dinheiro que o erário público suporta.
Por outro lado, os espanhóis, da Ibéria e do Turismo, têm, em estilo de concorrência connosco, igualmente locais onde o espírito de conduzir os interesses estrangeiros para esta área ibérica também se faz notar.
Pergunta-se, então: se a TAP e a IBÉRIA estivessem fundidas numa só empresa, fazendo o trabalho de canalizar para os nossos dois países todos os viajantes que viessem e que saíssem, com voos devidamente estudados para servir as intenções comuns, não se evitaria o gasto acima enunciado? E, de igual modo, ao porem-se de acordo, Portugal e Espanha, no sentido de fazerem em união os esforços para interessar os turistas a visitar este conjunto de belezas, até mesmo com propaganda mantida em sociedade, não constituiria uma economia e um aumento de produtividade nos resultados?
E, já agora, também seria caso para pensar na questão dos aeroportos. Um acolhimento na aerogare de Lisboa e/ ou na de Madrid, com um bom serviço, aí sim, de TGV nas duas direcções, poderia representar um acréscimo de oferta aos turistas que, por um preço limitado, poderiam visitar dois países.
Mas, já estou a ver que haverá por aí uns tantos ”sábios” que estão a chamar louco, visionário e outros atributos que lhes venham à mente. São aqueles que não apresentam nunca soluções e que só se interessam em dizer mal.
Também, claro, um Governo do nosso lado que desse o mais pequeno passo no sentido de entabular conversações com Espanha para tentar encontrar acordos que se resumiam no objectivo de juntar forças, isso também serviria para saltarem de seguida as oposições a acusar com a frase habitual de que “estavam a querer vender Portugal”.
Preso por ter cão e por não fazer nada!
Então não vale a pena que dediquemos algum tempo a pensar nesta possibilidade? Uma TAP/IBERIA assusta assim tanto ou, pelo contrário, a sua execução contribui para economizarmos bastaes fundos?

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