quarta-feira, 15 de abril de 2009

HOMEM MAU




Será por causa da crise – a tal que está a servir agora para justificar tudo – ou é o ser humano que, cada vez mais, dá mostras da maldade que transporta e já nem provoca grande indignação no mundo com os maus comportamentos que evidencia com enorme frequência?
Bem sei que a História do Homem tem sido próspera em nos dar mostras, ao longo dos séculos e desde que a memória consegue atingir tempos recuados, de assombrosas atitudes de vileza, por vezes singulares mas frequentemente colectivas, da forma como o dito Animal Racional tem actuado, sempre que dispõe de oportunidade, espaço e condições para pôr em prática os sentimentos malévolos que transporta. Mas, mesmo com essa consciência de que a população do Mundo não é de fiar na totalidade, apesar disso sempre confiamos que as más acções humanas não atinjam proporções de tal forma arrepiantes que nos levem a viver num ambiente de desconfiança absoluta no que respeita ao próximo.
Não é exagero esta minha observação, pois que, quem anda ao corrente do que se passa por toda a parte, no Globo terrestre total e também à nossa volta, aqui mesmo ao lado onde vivemos, dá-se conta de que, de repente surge a notícia de que um vizinho que não tínhamos na conta de má pessoa, afinal, no seio da sua família, pratica acções condenáveis, que vão desde o mal tratar da mulher ou do marido até ao abuso sexual dos filhos, quando não ocorre um assassínio e/ou um suicídio.
Não vale a pena dar mais exemplos para justificar esta minha preocupação no que diz respeito ao comportamento de uma grande parte do tal ser humano que, queiramos ou não aceitar, é, potencialmente, uma personagem que transporta, no seu íntimo, uma certa dose de maldade, de egoísmo, de inveja, de uma quantidade maior ou menor de maus princípios que, se não consegue sustê-los, quando surgem à superfície provocam atitudes que só são merecedoras de crítica dos outros seres que, se as circunstâncias o proporcionarem, repetem os erros dos criticados.
Escrevo este meu desabafo na altura em que tomo conhecimento da quantidade enorme de crianças que são abandonadas pelos pais e que, só em 2007, 309 meninos e meninas, com menos de 10 anos, foram deixados à sua má sorte pelos progenitores. Isso, cá em Portugal, pois no mundo inteiro e especialmente em zonas onde o mau viver é o que constitui a maioria da população, são milhões os pequeninos que deixam de poder contar com a protecção paterna e materna, pois os que têm essa absoluta obrigação, deixam-nos pelo caminho das suas vidas.
A noticia surgida agora de que, em pleno Algarve, marido e mulher que passavam férias naquela zona, abandonaram os filhos, dois irmãos gémeos de 11 anos, à beira de uma estrada, justifica, em certa medida, esta afirmação aqui deixada. É preciso pôr mais neste texto para justificar a acusação que faço e que, por certo, causa grande repulsa a muita gente que o lerá, pois não se dá conta da qualidade humana que transporta grande parte do chamado Homem que passa ao nosso lado todos os dias.A realidade custa muito a ser suportada pelos que se julgam – e será a maioria esmagadora – as melhores pessoas do mundo!... E são-no, até surgir uma circunstância que altere por completo o comportamento.
Mas, pensando melhor, afinal, por muito que tenhamos, mais vezes do que desejaríamos, desilusões acerca do nosso vizinho, feitas as contas, não se trata da maioria dos homens que servem de exemplo. Chefes de Estado, por exemplo, que, por esse Globo fora foram autores de horrorosos assassínios de habitantes, houve-os e há-os ainda. E são esses que marcam a nossa memória. Esqueçamo-los.

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