domingo, 12 de abril de 2009

FARMÁCIAS, BOM NEGÓCIO?



Neste Domingo de Páscoa, tinha planeado oferecer outro texto que se adaptasse melhor ao dia que decorre e que costuma ser celebrado por muitos cidadãos portugueses, mas achei que não era razão suficiente para passar ao lado de um assunto que, por muito que queiramos não o focar, constitui uma preocupação que, sobretudo numa data festiva como esta, tem toda a razão de ser e de chamar a atenção das forças vivas, que é como quem diz, das que deviam estar em plena actividade mas que se deixam adormecer sobre os temas preocupantes de Portugal.
E digam-me lá se esta chamada de atenção não destoa de uma Páscoa que devia ser celebrada com alegria e sem preocupações? Não é a primeira vez que toco neste assunto e ainda dias atrás escrevi sobre ele, mas entendo que devo renovar insistentemente a preocupação que sei que ataca a maioria esmagadora dos portugueses. Pode ser que a teimosia resulte.
Como é que os cidadãos comuns, aqueles que são obrigados a recorrer aos medicamentos receitados pelos médicos para tentarem resolver os seus problemas de saúde, podem solucionar esta situação, mais uma, que surgiu no ambiente nacional, o de optarem ou não pelos remédios ditos genéricos? É que de acordo com o que se está a seguir na Imprensa e se ouve e vê nas televisões, levantou-se uma polémica que, como não podia deixar de ser, pelo hábito que se criou neste País, envolve também o próprio Governo, neste caso o Ministério da Saúde, o qual, em vez de aclarar as situações e a exemplo do que tem ocorrido com o problema dos professores e da ministra respectiva, até agora ainda não foi capaz de fazer ouvir a sua voz no sentido de esclarecer as dúvidas e de deixar os portugueses claramente identificados com o caminho a seguir.
Segundo já escutei da boca de dois ou três farmacêuticos, o negócio das farmácias não está, ao contrário do que constitui uma convicção do cidadão comum, tão esfusiante quanto isso. Entendi existirem queixas de que passou o tempo de ganharem bom dinheiro com a sua profissão. Estranhei a lamúria, mas não possuindo elementos que provocassem controvérsia, não pude ir mais além do que fazer o papel de ouvinte. Porém, ao ler esta semana o “Expresso”, deparei com a denúncia na primeira página de existir um "negócio escondido nos genéricos”. Qualquer pessoa como eu, longe dos segredos da actividade das farmácias, terá de ficar surpreendida com os diferente pontos de vista, um negativo e outro positivo, que apresentam, por um lado os profissionais da área e, por outro, a Imprensa que dá a cara com o desmentido de que as coisas corram mal.
Seja como for, o que não pode passar despercebido a ninguém e os que já tiveram oportunidade de avaliar a situação por experiência própria no estrangeiro, como aconteceu comigo há mais de 30 anos em Londres, sabe que os genéricos são vendidos com regularidade e que as minidoses também são prática corrente, pelo que esta troca de argumentos que se está a verificar no nossos meio e a falta de conclusão oficial no que se refere ao problema só pode ser encarada como tratando-se de mais uma disputa que é costume passar-se por cá.
Uma coisa é certa: no caso das minidoses, mesmo que a sua aplicação prática não seja fácil e o custo individual das pastilhas sai mais cara do que em caixas de 20 ou 30, no total do necessário de cada toma é menos dispendioso para os utentes, o que é importante para as bolsas dos mais pobres. E, para além disso, o Estado, com o auxílio que presta, fica menos sobrecarregado, o que quer dizer que os contribuintes em geral beneficiam também.
No que se refere aos genéricos, diz o “Expresso” que “genéricos dão muito mais lucro” e que também o Estado ganha com a sua utilização, falando mesmo de muitos milhões de euros por ano.
O que é preciso é que o Governo aclare de vez esta situação e não se mantenha num mutismo que atrapalha todos. Já basta o que ocorre com o Freeport, de que me tenho abstido de referir neste blogue, porque aguardo que a Justiça faça o seu trabalho. Avance com o esclarecimento e governe bem, que é como quem diz, dè mais facilidades aos portugueses e também, se puder, gira melhor o dinheiro que é de todos. No fundo é só pedir que faço o trabalho para que lhe pagamos!... E, com isto, cá ficam os desejos de uma Páscoa tão boa quantyo possível.

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