segunda-feira, 13 de abril de 2009

CASAS PARA RICOS



Há que ver esta realidade sob duas perspectivas. Uma, dada a difícil situação económica, financeira e social que se vive em todo o mundo e, no nosso caso, com compreensível revolta; e a outra, sob o ponto de vista do interesse nacional, evidenciando alguma satisfação, porque sempre é melhor que o dinheiro dos ricos venha cá parar do que vermo-lo passar lá longe, com outros destinos.
Que quero eu dizer com isto? Pois, nada mais, nada menos, de que se está a verificar um fenómeno que, para muitos, seria difícil prever: é que as casas mais caras que temos por cá, aquelas que têm preços elevadíssimos, atingindo verbas incalculáveis de muitos milhões de euros, são essas precisamente que os grandes capitais de várias origens estrangeiras estão a adquirir em diferentes localidades nacionais, com preferência para a região de Estoril/Cascais e do Algarve.
Mediadores internacionais como a Sotheby são os que estão a fazer negócios altíssimos com a canalização para Portugal de clientela capitalista de diferentes origens, mas com maior procura por parte de chineses, árabes, angolanos e russos. E essas compras situam-se na ordem dos 20 milhões de euros por local, sempre muito bem situado e com condições de acomodação, de área e de segurança que, dizem as empresas que estão a mediar essas compras, já são difíceis de encontrar na Europa.
Não se ficará muito satisfeito por se constatar que, mesmo no meio desta horrorosa crise de que não se sabe como e quando vai terminar, surja gente a ostentar níveis faustosos que criam alguma revolta social no mais pacato cidadão que se defronta com as dificuldades que aumentam de dia para dia. Mas há que aceitar as realidades e, por muito que se pretenda suster alguma revolta política, não é possível travar a cada vez maior barreira que tem vindo a desenvolver-se entre os muito ricos e os muito pobres. Também ninguém será capaz de responder a uma pergunta baseada numa simples operação aritmética: é a de que, se houvesse possibilidade de juntar todas as riquezas mundiais e de dividi-las pelos milhares de milhões de pobres que estão espalhados pelos cinco continentes, a cada um caberia algum montante que chegasse para os retirar da situação precária em que vivem hoje?
Essa simples operação de dividir não se fará nunca, pelo que a existência de uns milhares de fabulosamente ricos e de uns milhões de angustiosamente pobres é uma sina a que o Mundo se tem de resignar, talvez porque o mal vem da origem, do princípio de tudo, desde que o Homem é um ser e que, não tendo a receita do seu fabrico saído com garantia de qualidade, não há maneira visível de impor uma igualdade que algumas teorias políticas têm apregoado. Era bom demais para ser possível
Enquanto isso, cá vamos nós tomando conhecimento da venda de propriedades portuguesas por preços estrondosamente altos a estrangeiros fabulosamente milionários. E ainda bem que eles lá vão aparecendo!...

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