domingo, 1 de março de 2009

MARCELLO E O COLONIALISMO



Que fazer quando chegamos à conclusão de que nascemos, vivemos e provavelmente vamos morrer num País que temos de considerar como sendo uma Pátria de “nunca jamais” – uma frase que encontrei num diário espanhol e que também é originária de um cidadão descontente com o local onde tem de levar a sua vida?
Faço um esforço quase sobre-humano para tentar consolar-me com o que somos e com o que nos é oferecido assistir neste canto, geograficamente tão bem situado, mas que não tem proporcionado aos seus naturais uma vivência que represente felicidade, já não digo plena mas, no mínimo, aceitável.
Para contraponto de desvarios permanentes que nos são oferecidos, sobretudo nesta fase em que as desgraças superam sem conta as bem-aventuranças, só nos resta refugiar nos feitos de alguns dos nossos antepassados, pois que, quanto a História, não nos podemos queixar demasiado, sobretudo se nos agarrarmos exclusivamente à época dos descobrimentos, limitando aí a ponta de vaidade que nos foi deixada por uma parte dos protagonistas de acções memoráveis. E, chamando à liça, apenas os efeitos e não as causas, quer dizer, sublinhando o que restou da saída das caravelas para o desconhecido sem referir a razão que levou essa gente a abandonar a terra firma para se meter a caminho do obscuro, não podemos deixar de, mesmo passados séculos sobre tais acontecimentos, apelar para os ensinamentos históricos recebidos na escola primária e ficarmos por aí para contrabalançar aquilo que nos é oferecido hoje pelas acções dos homens que têm tomado conta da governação portuguesa.
Na verdade, recordando a fase em que se dizia por cá, emproados pelos feitos de muitos anos atrás, que éramos uma Nação que se espalhara pelos cinco cantos do mundo, nesta altura já nem vale a pena sublinhar esse facto, pois que não fomos capazes de conservar tal característica, não como colonizadores, que fique bem claro, mas sim como povo que conseguiu espalhar uma cultura e uma capacidade mercantil que permitia que um povo, composto apenas por dez milhões de habitantes, tinha conseguido sobressair de uma pequenez de nascença.
Na verdade, olhando agora para o nosso perfil, tenso tido a possibilidade de entrar, ainda que timidamente, na zona da Democracia, fazendo já parte de uma Europa que, também com as suas dificuldades, procura entender-se numa unidade que tarda em ser atingida, sofrendo, como todo o mundo, os efeitos perniciosos de uma crise económica e social que ninguém sabe quando será ultrapassada, não nos podemos gabar de ter atingido uma vivência com uma felicidade mínima conseguida por via da obra dos governantes que, livremente, escolhemos para levarem por diante o futuro que nos é proporcionado.
Não. De mal a pior temos assistido a um desvario das condições de vida dos cidadãos deste País. E ao alargamento, cada vez maior, dos que conseguiram riquezas desmedidas dos que arrastam a sua pobreza sem perspectivas de mudança.
Eu, por mim, continuo a apontar o dedo para um governante que teve nas mãos a possibilidade de dar a volta ao que nos restava da época salazarista: Marcelo Caetano. Ele, se tem tido a coragem e a visão de “correr” com aquela camada de bajuladores do antigo regime e que não permitiram que se tivesse dado a volta de 180 graus ao que constituíam os erros crassos do seu antecessor, especialmente tendo feito os acordos essenciais para acabar com as guerras em África e permitindo que os portugueses que lá tinham feito a sua vida permanecessem como cidadãos correntes nesses lugares, teria sido bem diferente o que ocorreu depois e não estaríamos agora a enfrentar o drama do desemprego que nos abafa completamente as perspectivas de uma vida risonha.
Claro que, aquilo do colonialismo teria desaparecido… e ainda bem. Mas nós teríamos tido a possibilidade de mostrar ao mundo inteiro que não éramos um povo sem capacidade de nos fazermos felizes a nós próprios e aos que se encontravam sob o antigo jugo do malfadado colonialismo.
Que querem os leitores do meu blogue, se hoje me deu para aqui? Para imaginar uma História toda nova e diferente daquilo que nos bateu à porta. Mas calar, isso não me calo!...

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