terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

REVOLUÇÃO



Já aqui o afirmei, mas julgo que não será demais bater na mesma tecla, pois o risco anda por aí a rondar a nossa porta. A da nossa casa, como de outros locais onde a crise económica se faz sentir com pesado efeito sobre as populações. Refiro-me ao perigo de uma revolução social que, geralmente, é a que se segue às enormes carências que chegam aos países que se vêem envolvidos pela fome.
A História demonstrou-o já em diferentes ocasiões e nos mais diversos locais. E surge este fenómeno sempre que o poder não dá mostras de conseguir resolver os problemas graves que atacam os povos e, por sua vez, quando a impaciência em suportar por mais tempo a má vida atinge o auge, leva os cidadãos a procurar, pelos seus próprios meios, solucionar o que se torna impossível aguentar por mais tempo.
Assim acabam as democracias. E assim aparecem as ditaduras. Há sempre aqueles que, andando à espreita, aproveitam os movimentos de reclamação quanto ao estado a que se chegou, e criam as condições para fazer avançar a revolta. Mário Soares, que é insuspeito no que se refere a este tema, já se fez ouvir no capítulo do perigo que corremos. Estou, pois, bem acompanhado.
As injustiças estão, em muitos casos, na base das movimentações populacionais e constituem a espoleta para juntar multidões a clamar por uma mudança. O mau comportamento da Justiça, propriamente dita, como é o que se passa cá entre portas, com as demoras de anos sem fim para que se apurem culpados e inocentes, bem se pode apontar como uma das causas para servir de motivo a uma recusa de manutenção de um “status quo”que não é louvável. E quando, a par de isso, contemplamos outra situações que não são admissíveis, como a falta de médicos, só agora apontada pelo Executivo e por culpa das dificuldades em entrar na Faculdade de Medicina, a teimosia em complicar a vida dos cidadãos com burocracias que, há muito, deveriam ter desaparecido – sobretudo agora que se pode utilizar a computorização -, quando encaramos apavorados o surto de desemprego que atinge toda a gente, isso a par de autênticas malfeitorias praticadas pelos benefícios, em ordenados elevadíssimos e em sobre ajudas, que são concedidas a uns tantos que andam a fingir que a crise não é com eles, os “golpes” que são públicos praticados em bancos que, ainda por cima, contam com a ajuda do Estado, tudo isso e com as eleições que já estão à vista, consigamos demonstrar que somos merecedores de expressar a nossa opinião sem receios de perseguições pidescas.
Mas, que é preciso alertar para evitar o pior, lá isso é!... sobretudo com as afirmações de alguns responsáveis governamentais de que “isto não está tão mal como parece” e que “lá fora ainda está pior”, juntando todos esses factores é caso para pensarmos se a Democracia que, segundo dizem, ainda paira por cá, tem base para ficar ou se, pelo contrário, alguma coisa está a evidenciar-se no sentido de que poderemos vir a chorar com a saudade de um curto período de trinta e poucos anos que não foi aproveitado condignamente.
Quem me dera estar completamente equivocado. Oxalá,

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