quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

INICIATIVAS



É bom que não nos quedemos satisfeitos com o que temos e que procuremos aumentar e melhorar o que constitui um progresso nas nossas iniciativas. Mas, é evidente que temos de levar em atenção as circunstâncias que nos rodeiam, analisando cuidadosamente se o esforço que vamos despender em qualquer inovação se coaduna com o ambiente que nos rodeia, e isso para que não estejamos a gastar energias em pura perda e fora do momento ideal para o fazer.
Será o que acontece com os planos que o Governo que nos rege faz questão em levar por diante, como sejam o TGV, as auto-estradas e o aeroporto de Lisboa que se anunciam, iniciativas essas que, sem dúvida, só podem trazer benefício para as populações, mas que, face às dificuldades económicas, financeiras e sociais que se atravessam neste momento, não são recomendáveis que se levem avante justamente agora, sendo aconselhável aguardar por período mais adequado logo que as circunstâncias da crise que se enfrenta sejam ultrapassadas. É que, para além do mais, meter ombros neste momento a tão dispendiosas iniciativas irá sobrecarregar os vindouros com encargos que só serão admissíveis se conseguirmos, em primeiro lugar, deixar os cofres públicos suficientemente nutridos e existir um desafogo financeiro que permita, desde o início das obras respectivas, contribuir com o que estiver ao nosso alcance para aliviar as dívidas futuras. Isto, no que diz respeito às obras que dizem respeito ao sector público, pois, por mais iniciativas que queiram os governantes actuais mostrar, especialmente tendo os olhos postos nas eleições que se aproximam, não é uma atitude louvável que, como testamento político, se entregue aos que vierem a tomar conta do Poder daqui a alguns anos, a dor de cabeça de enfrentarem compromissos que os anteriores governantes tomaram, ao que parece para ficarem bem vistos no decorrer da sua actuação pública.
Mas, fala-se agora muito e isso, em parte, na área privada, na abertura do quinto canal televisivo. É natural que os profissionais da comunicação relacionada com a televisão aspirem ter mais veículos de actividade e, dentro deste ponto de vista, façam esforços para alargar o terreno da sua actuação. Daí a “guerra” que se está a levantar para a criação daquele novo meio televisivo, como também se compreende que a TVI esteja a actuar no sentido de surgir o novo TVI24.
Não é preciso ser um conhecedor profundo da matéria para não ter dúvidas de que o meio de sustento dos canais é, acima de tudo, a publicidade. E, perante a realidade que se defronta, em que esta receita baixou, nos últimos tempos, 20 por cento e as previsões são que ainda se reduzirá mais nos próximos tempos, para não falar das condições de ofertas extraordinárias que se praticam nesta altura para seduzir os anunciantes, também aqui, neste sector, se aconselha que haja bom senso e que, para além do benefício que o público pode obter com o aumento de oferta televisiva, não será agradável assistir aos cortes posteriores de despesas, o que se traduzirá em diminuição de qualidade nas emissões produzidas.
Mas, tudo bem e até será desejável que os investimentos privados não paralisem, desde que os bolsos dos contribuintes não venham a sofrer mais tarde com os desvarios daqueles que querem fazer mais e melhor. O que é preciso é nunca deixar de levar em conta aquilo a que me refiro acima: as circunstâncias desfavoráveis que se vivem na altura das iniciativas precipitadas. No fundo, há sempre que pôr nos pratos da balança os dois dilemas - o não fazer nada ou o fazer alguma coisa, ainda que mal!

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