sábado, 14 de fevereiro de 2009

PRÉDIOS ABANDONADOS


É na própria Câmara Municipal de Lisboa que não se esconde a notícia de que atinge o número de 4.600 prédios que se encontram devolutos e em inconcebível estado de conservação nesta nossa capital do País. Não se trata de uma novidade e, portanto, muito menos de uma surpresa. Seja onde for que cada um viva ou circule por necessidade de subsistência, todos nós nos defrontamos com esta realidade, que não é de hoje mas que se tem vindo a acumular e que, por este andar, deparar-nos-emos a breve trecho com uma Lissabona que dá vergonha mostrar aos turistas e que, tal como afirmei num blogue passado, cada vez mais transforma, sobretudo a Baixa, numa zona abandonada e sem vida. Passam-se a ocupar as horas vagas e a fazer exclusivamente as compras nos centros comerciais, iguais a todos por esse mundo fora, e o comércio tradicional, que já foi vivo e brilhante, quando era moda virem as senhoras ao centro, para adquirir aqueles presentes de qualidade, acabará por morrer com lentidão.
Quando Mário Soares já se pronunciou desfavoravelmente em relação à transformação do Tribunal da Boa-Hora num hotel de charme, bem poderia este simpático ex-presidente da República também dar-nos a conhecer a sua opinião no que respeita à falta de casas para alugar andares e no “enxame” de podridão em que se encontram tantos milhares de prédios abandonados. Tanto mais que um seu filho – e, por sinal, nem foi dos piores presidentes - foi já responsável municipal de Lisboa. E não é preciso acrescentar mais a este ponto.
Enquanto não surgir à frente do Município alfacinha um homem que conheça bem a capital, seja possuído de larga imaginação, tenha o que se pode considerar bom gosto e, acima de tudo, seja capaz de, mesmo com falta de dinheiro por se ter gasto desmedidamente nos executivos camarários anteriores, não se contentar com o estado a que as coisas chegaram e consiga dar prioridade ao que se apresenta mais urgente, enquanto vivermos o marca-passo e o tempo das lamúrias não sairemos da cepa torta.
Eu permito-me dar um exemplo, a que, aliás já me referi nos meus escritos sobre Lisboa sempre que tenho oportunidade de divulgar as minhas ideias: é o caso das flores, dos canteiros e dos vasos que faltam em muitos locais que, pela sua importância na história da capital, deveriam ser os preferidos para animar o seu aspecto. Não são necessárias flores caras. Basta que, nos jardins que ainda possuímos, sejam cultivadas plantas baratas e de crescimento rápido e de transplantar, em alturas próprias, os resultados para vasos bem situados, no Rossio, nos Restauradores, no Terreiro do Paço, isto como exemplo.
É a isso que eu chamo imaginação e bom gosto. Como se vê, até um pobre é capaz de seguir esse caminho!...

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