terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Despertei no meio desta noite com um incómodo. A princípio, envolvido ainda pela sonolência, nem percebi bem do que se tratava, mas logo constatei que era uma dor numa unha do pé, que dava sinais de estar a ferir-me um dos cantos do dedo grande. Que estranho! Julgava que as unhas encravadas só doíam dentro dos sapatos, mas ali, no sossego dos lençóis, lembrar-se aquela arreliadora maleita de me despertar, era o mais inesperado. E por ali fiquei a aguardar a manhã, para solucionar aquele desagrado.
Só que, mantive-me desperto a olhar de vez em quando para o relógio, com os números brilhantes, que mudavam com frequência. Sempre que abria as pálpebras e via passarem, desde as quatro da madrugada, os minutos e também as horas, e o sono não dava sinais de querer aparecer, enquanto a dor incómoda fazia-me lembrar a unha encravada, vieram-me à mente dezenas de temas que constituiriam matéria para outros tantos escritos, assim como fui construindo frases inteiras que davam para incluir em prosas sonhadas. E no que se refere a temas que serviriam de base a vários quadros a acrílico, actividade que me desvia, com frequência, do meu principal “hobby”, também aí me vieram à cabeça motivos para preencher telas, aquelas que, quando se encontram ainda virgens, maior angústia provocam a quem se propõe preenchê-las.
Só que, o largo espaço de tempo que me manteve desperto por ausência de sono, deu-me ocasião para me recordar de todos os insucessos de que fui protagonista, assim como alimentei esperanças quanto ao que me falta fazer, caso ainda me sobre ocasião de realizar, como igualmente construí castelos de cartas que tombavam sempre que o relógio eléctrico, indiferente às minhas lembranças, ia continuando a marcar as suas horas.
Nada mais tenebroso do que deixar partir o sono em que se estava embrenhado e, subitamente, cair-se naquele meio acordado que deixa os sentidos semi-despertos e o silêncio do ambiente provoca um ruído deveras incomodativo. É nessa altura que saltam à memória múltiplas recordações, de factos agradáveis mas, em menor número, de acontecimentos que não apetece trazer à memória.
Nessa condição, é-se o que não se foi; vive-se o que não se passou connosco; goza-se de privilégios que, bem despertos, acontecem só aos outros; e tanto podem passar pelo cérebro situações horrorosas como provocadoras de felicidade. Só que, tudo no subconsciente.





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