quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

PARQUE MAYER



Que bom que é saber que o Parque Mayer vai ter de novo a vida que lhe era conhecida de tempos idos, agora, naturalmente, com novos moldes, mais modernos, com teatros de revista confortáveis e amplos e com um pouco de diversões que não terão que ser obrigatoriamente as dos tirinhos e a dos carros dos empurrões e, com toda a certeza, recheado de restaurantes de todos os tipos, mais baratos e o contrário, parqueamento e tudo que a imaginação for capaz de lá meter.
É uma satisfação tomar conhecimento de que, de novo, o Parque Mayer caiu nas intenções de lhe ser dada vida, depois de tantos anos abandonado e a cair aos pedaços, como tudo que acontece em Portugal sempre que se encerra alguma coisa que antes, mal ou bem, sempre dava mostras de existir.
Depois daquela loucura de Santana Lopes, que deu o primeiro passo mas logo esbarrou na megalomania, entregando o projecto a um arquitecto americano, tão famoso de nome como de preço, o que acabou por ficar-se pelos projectos com a Câmara a olhar para a caixa vazia de dinheiro, após esse inútil passo, se estava mal o Parque ainda ficou pior. Parado!
Pois bem, se a alegria agora surge com a notícia de que dois arquitectos portugueses venceram o concurso público internacional para requalificação do Parque Mayer e a zona envolvente, tendo sido esclarecido que o Jardim Botânico, que vem desde a rua da Escola Politécnica, tudo numa área de 32 mil metros quadrados e vindo até à avenida da Liberdade, será a área que virá a ser ocupada com um hotel, salas de espectáculos, biblioteca, livrarias, artes plásticas e residências de artistas, para além de outros usos, funcionando tudo como um grande espaço público e apenas acessível aos peões, com escadas rolantes e ascensores para vencer os grandes desníveis que apresenta todo o terreno, se isso acontecer ficamos de parabéns.
Vamos lá a ser optimistas. Admitamos que para tamanha e sumptuosa alteração do que foi o velho Parque Mayer existem fundos que cheguem para toda a obra, sem ter de a interromper a meio à espera de auxílios que são sempre jeito. Tenhamos esperança de que o prazo que for estabelecido para todo o trabalho não seja ultrapassado para o dobro ou para o triplo, coisa a que estamos habituados por cá. Acreditemos que o projecto que for aprovado não venha a sofrer alterações, por se verificarem impossibilidades práticas do que a teoria admitiu.
Se tudo correr como é, certamente, o desejo de todos os lisboetas, Se os mais velhos conseguirem ainda assistir à inauguração de um espaço que se encontra na memória dos frequentadores habituais do antigo Parque Mayer, então será caso para dizer que ainda há quem cuide de olhar por Lisboa e não a deixe prosseguir na decadência que tem ocorrido desde há uns anos largos para cá. Corresponda o projecto àquilo que a maioria de nós gostariamos de ver, mas mais vale alguma coisa do que o triste vazio de agora
Vamos lá a ver o que se vai passar com a nova equipa que irá tomar conta da Câmara, após as eleições que se aproximam. Também nisso é necessário ter alguma esperança.

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