sábado, 20 de dezembro de 2008

JUSTIÇA Á PORTUGUESA



A cinco dias da data natalícia, para mim com o peso pouco confortável de uma época que me entristece, e ainda por cima, por se tratar do dia em que fazia anos o meu pai, ao ter tomado conhecimento das notícias que, como está a tornar-se habitual, não se apresentam nada animadoras, por tudo isso e havendo ainda uma folga até ao dia 25, cá vou eu assinalar situações de tristeza que, tratando-se de ocorrências dentro do nosso País, por mais que se queira recorrer a uma certa abstinência de crítica não podem ser deixados em branco casos que não permitem, a mim pelo menos, meter a cabeça na areia e deixar passar.
É conhecido que um dos temas que mais afluem a este meu blogue é a complacência que se verifica, por parte das forças que têm poder para dar a volta ao assunto, no que respeita à actuação do sistema judicial português., e que nada fazem nesse sentido. E não são só as demoras escandalosas com o andamento dos processos – para não falar no julgamento Casa Pia que é exemplar no mau sentido –, mas também as decisões que saem dos meritíssimos juízes que, por mais razões técnica que apresentem, não podem deixar de pôr os cidadãos em completo alvoroço. E ainda se podem ler frases saídas da boca de pessoas mediáticas, que tem espaço nas páginas das revistas, como aquela lida hoje de um actor que não esconde a sua revolta com este dito “um país com uma justiça como a nossa, deveria ser rifado ou doado a quem dele precisasse”. Bem sei, é uma expressão pouco intelectualizada, mas dá bem mostras daquilo que o povo português pensa dos nossos tribunais.
Mas repitamos então aquilo que foi notícia hoje em vários órgãos de informação da nossa Terra. A que salta logo à vista, com um título a toda a largura da página, é de que o Ministério Público perdoa 20 empresas da “Operação Furacão”, acrescentando que pagaram 60 milhões de euros ao Estado e deixaram de ser arguidos. Isto, ao cabo de 3 anos de investigação.
Noutro periódico, lê-se que “juiz espanhol prende suspeito de tráfico de imigração ilegal que, em Portugal, tinha sido libertado”. E essa rede que operava desde a Ucrânia, passando pela Hungria, Itália e Espanha, nesses países fora alvo de condenações. Só aqui encontraram um El Dourado”.
Enquanto isso, a pequena Esmeralda, que foi acolhida e tratada com imenso amor como filha, por o pai biológico se ter recusado, à nascença, a reconhecê-la agora nessa qualidade, já com seis anos de idade e agarrada a quem só aceita como únicos pais, viu a decisão da juíza (ainda por cima uma mulher) de a obrigar a passar o Natal com aquele que a tinha recusado na altura na época pós-nascimento.
Então, lá por ser recomendado pela Igreja Católica que o Natal tem de ser um período de reconciliação e de boa-vontade entre os povos, deve-se fechar os olhos à realidade e não gritarmos bem alto a nossa indignação contra as misérias humanas?

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