sábado, 27 de dezembro de 2008

BURRICES



Hoje apetece-me o silêncio. Não ouvir nada nem ninguém. O dia surgiu como deve ser nesta época. Chuvoso. Feio. Macambúzio. Nem dá vontade de sair de casa. E até serve de desculpa para não ir comprar os jornais. Também aí descanso. Porque a leitura das notícias e a escuta dos noticiários só servem para envinagrar ainda mais o ânimo que, por sinal, já é pouco.
Que importância se pode dar a termos ouvido o José Sócrates, no seu discurso de Natal, afirmar que o Governo ia aumentar o salário mínimo para 450 euros mensais, quando os espanhóis já o fixaram em 621? Que revolta podemos sentir por o mesmo Executivo não ser capaz de impor que os medicamentos em pastilhas possam ser vendidos com receitas médicas que permitem pequenas doses, em lugar de frascos inteiros, como acontece por essa Europa fora há imensos anos, e que depois sobram com os custos inerentes? Qual a indignação bastante que podemos ter quando nos deslocamos nas ruas e estradas do nosso País plenas de irregularidades, esburacadas, mantendo-se assim eternidades, enquanto se anunciam obras caríssimas para auto-estradas novas? Vale a pena qualquer crítica pelo facto de existirem muitos mais generais do que o que seria admissível numas forças armadas como as nossas, ao ponto de calhar cada general para 224 praças?
E por aí fora iria, se não se desse o caso de eu hoje só desejar o silêncio e nem o bater das teclas do meu computador me apetecer escutar.
O que este País está a pedir é isso mesmo: mutismo. Que nos calemos todos e digamos aos homens do poder e aos das oposições para não abrirem o bico. Já basta de burrices – que me perdoem os jericos -, de asneiradas, de falsas promessas, de incompetências. Se é isso que temos de ter por vontade já nem sei de quem, ao menos que não façam barulho.

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