quarta-feira, 29 de outubro de 2008

EDIFÍCIOS HISTÓRICOS ABANDONADOS




Cada vez mais me convenço de que na vida sempre vale a pena insistir com as ideias positivas que nos vêem à cabeça, pois a satisfação de, um dia mais tarde, ver concretizado o que defendíamos com convicção compensa bem o esforço de pensar e contrabalança as situações de nunca assistir à possibilidade de outras propostas que tornámos públicas e que foram ignoradas.
Este caso diz respeito à notícia de que está a fazer parte dos planos do Governo a intenção de concessionar castelos, igrejas ou fortalezas que se encontrem em estado de abandono, dando também possibilidade aos privados de requerer a desafectação do domínio público de instalações militares, como quartéis, terrenos ou armazéns que não estejam a ser utilizados e só sirvam de ocupação fedorenta de espaço que pode e deve ser utilizado com proveito de todo o País.
Foi exactamente este ponto de vista que eu tenho defendido há ror de anos e que, como já me habituei, ninguém na altura levou em linha de conta, mas que, felizmente neste momento de aflição, de crise, de contas que são precisas fazer, existe alguém que toma a decisão como coisa inovadora. Por mim, entendo que vale mais tarde do que nunca e só espero que as intenções agora anunciadas deixem de ser isso e passem, o mais rapidamente possível, a transformar-se em realidade.
A autoria agora da ideia coube ao secretário de Estado das Finanças, de nome Carlos Costa Pina e alarga-se às autarquias, dando-lhes também possibilidade de tomarem as medidas necessárias para que os capitais privados possam interferir na transformação de “monstros”, que são propriedade do Estado, em explorações comerciais, como hotéis, restaurantes, etc., mas tudo de qualidade elevada.
Surgiu ao conhecimento público que existem cerca de 2.680 imóveis estatais livres, para além dos muitos que se encontram arrendados. Ora bem, então numa época em que se fala tanto – como se tem falado sempre, sem dar solução ao assunto – de despesas supérfluas da administração pública, não serão os governantes capazes de olhar para uma coisa tão fácil e, em vez de aumentarem os impostos, obterem dinheiro com a disponibilização de propriedades que nãos lhes fazem falta, ao mesmo tempo que enriquecem o próprio Estado?
E já agora, deixem-me insistir naquele ponto que tem sido um meu cavalo de batalha de toda a minha vida jornalística: aproveitem a onda para libertar o Terreiro do Paço dos inestéticos ministérios que por ali se encontram e entreguem a concessão dos espaços para a utilização em hotelaria de alto gabarito, assim como por debaixo das arcadas gostaria de, antes de partir para a última viagem, ver ali instalados cafés de prestígio, com música clássica tocada ao vivo, como sucede, por exemplo, na linda “piazza” de Veneza. Não é preciso inventar nada!
Mas não consigo convencer-me que somos capazes de solucionar até os problemas fáceis. Bem gostava de ter confiança nas características portuguesas quanto às iniciativas produtivas, pertençam elas á iniciativa privada ou façam parte das atribuições dos governantes. Optimista quanto a isso, não posso ser. Não tenho razões para tal!...

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