quarta-feira, 29 de outubro de 2008

AS QUINAS

Em certa manhã de nevoeiro
Vai despertar aqui no País
A esperança de ser feliz
Trazida por um alvissareiro?

Em Terra de tantos pacientes
Há ainda fé em epopeias
Pois o sangue que corre nas veias
Vem de outrora, de antigas gentes

Por mais que se julgue adormecida
A ânsia do Mostrengo matar
Grande coragem não vai faltar
Sempre se vai dar a acometida

Tanta apagada e vil tristeza
Que é apanágio do Português
Não quererá que um dia, talvez
Ponha à mostra a sua sagueza

Para os últimos deixarem de ser
P’ra entrarem no comboio perdido
Há que soltar o ar abatido
E sem demora correr, correr

Olhemos aqui para os vizinhos
Esses, doutros tempos, Castelhanos
E honremos os velhos Lusitanos
Seguindo então novos caminhos

Por mais que estejam adormecidos
Mesmo que pouco e mal se lute
Não se há-de perder o azimute
No fim não sairemos vencidos

Discutir-se-ão muitas opções
Os políticos debitarão
Mas negar, nunca o negarão
Esse mar que nos cantou Camões

Seguro que vai ser necessário
Que a fome nos ataque primeiro
E que se faça um grande berreiro
A lastimar o nosso calvário

Mas p’ra atingir tão grato projecto
De aos da Europa sermos iguais
Só teremos, oh simples mortais
Que rogar ao Supremo Arquitecto

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