quinta-feira, 25 de setembro de 2008

HÁ VELHOS E VELHOS!...

Vou agora tratar de dois temas que, entre si, aparentemente não têm nada a ver um com o outro. Mas, se pensarmos bem, talvez encontremos alguma ligação. Vamos a isso.
Primeiramente refiro-me a uma notícia dada à luz hoje por um diário que, embora nesta altura, se encontre longe da conquista de leitores, continua ainda a gozar de certa reputação, reputação essa que lhe vem do passado, até do tempo em que fazia todos os fretes ao situacionismo salazarista: o “Diário de Notícias”.
Muito embora se trate de um tema que nós, os que vamos estado atentos ao que nos rodeia no nosso dia-a-dia, sejamos despertados a cada passo com essa realidade, nem sempre paramos para pensar nas consequências respectivas. Trata-se desta triste verdade de que o Porto perde população e Lisboa envelhece a olhos vistos.
De facto, ainda hoje me pus a observar, da janela da minha casa, na capital, as pessoas que iam passando, e deparei com o que já me tinha despertado curiosidade, mas que, neste momento, depois de ter absorvido a notícia, me causou a maior das tristezas. A percentagem de gente de idade que passava aparentava ser superior à juventude e até mesmo a pessoas no meio da vida que por aqui circulavam. Tratando-se de uma capital que atingiu mais de 1 milhão e oitocentos mil habitantes – o que não quer dizer residentes na cidade propriamente dita -, se o estudo efectuado pela União Europeia não estiver muito enganado e se for certo que a percentagem de gente com mais de 65 anos que por cá se movimenta é de 24 por cento, isso quer dizer que a gente nova está a encontrar outros lugares para seguir a sua vida, o que também não é uma novidade muito surpreendente, pois sabe-se que as condições de vida por estes sítios não são de molde a convidar, quer os licenciados quer os que estão disponíveis para utilizar a mão-de-obra, a permanecerem na terra onde nasceram, porque as perspectivas de futuro não são suficientemente convidativas.
Esta, uma notícia que deve fazer pensar os governantes, os que estão e os que surgirem depois. Porque quer dizer que o futuro se apresenta tristonho. A menos que… e com estes três pontos, deixo a quem me ler a possibilidade de imaginarem tudo o que acharem mais adequado à situação.
Bem, vamos agora à segunda questão que, não se relacionando directamente com este País de velhos, alguma coisa a liga, dada a idade do visado na notícia que também surgiu hoje num diário. Trata-se do Ministério Público voltar a acusar o presidente do Município de Gondomar de prevaricação, no caso numa operação que envolve a compra e revenda de um terreno, num processo conhecido pela Quinta do Ambrósio, e cujo negócio permitiu aos intervenientes um lucro de três milhões de euros. Para além de Valentim Loureiro, foram também notificados mais dez arguidos e, ademais do crime de prevaricação, o major é ainda acusado de burla qualificada, participação em negócio como titular de cargo público.
É sabido que o antigo capitão que foi expulso do Exército por acusação de ganhar dinheiro com a compra de mantimentos para a tropa (pelo que passou a ser conhecido pelo “capitão das batatas”), acusação essa de que foi ilibado, recuperando a sua integração de novo na tropa e então com o posto imediatamente superior, o de major, tendo-se reformado posteriormente, este agora primeira figura do Município de Gondomar, cujo lugar ganhou pela segunda vez, não sendo um jovem e dando sempre mostras de uma ambição política que o coloca constantemente nas primeiras páginas dos jornais e nas aparições televisivas, exactamente pela força da idade atingida, que lhe proporcionou sempre não ser uma ignorada figura pós-25 de Abril, relaciona-se com a notícia do envelhecimento da população portuguesa, pois só muita experiência de vida poderá proporcionar a um homem como o Major, não se deixar abater perante situações, várias, que o têm feito desbravar e, pelos vistos, com sucesso e com fortuna.
É caso para perguntar: se houvesse muitos portugueses assim, já fora da altura da juventude, capazes de não se deixarem abater quando os revezes lhes colocam obstáculos, isso seria um mal ou, pelo contrário, uma vantagem que se ia buscar à velhice dos cidadãos nossos compatriotas?
Não respondo, está bem de ver.

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