quarta-feira, 24 de setembro de 2008

CORRUPÇÃO



A corrupção é um defeito que ataca o Homem desde que ele existe, talvez mesmo venha de épocas em que os primeiros seres humanos se viram confrontados com apetências de qualquer coisa que o parceiro detinha mas que não estava na sua posse. Roubar, matar, confrontar-se pela força para passar a ser possuidor desse bem desejado, essas foram, na verdade, as primeiras acções a que o animal tido como inteligente recorreu. Mas, com o tempo, descobriu que tinha possibilidade de conseguir o mesmo objectivo, recorrendo à utilização de outro parceiro mais bem colocado para o efeito, trocando favores, normalmente sem dar a conhecer essa habilidade. Assim, terá nascido a corrupção que, com o andar dos tempos, se foi estilizando, se foi aperfeiçoando, ao ponto de ter chegado até à nossa época que, lá muito de vez em quando, é detectada.
Por cá, com este Povo que começou muito cedo a especializar-se em tirar benefícios dessa artimanha, encontra-se neste momento a tirar partido dessa especialização de comprar favores através de manhas que, normalmente mais tarde, são detectadas.
Isto de ter saído a notícia de que há cerca de 925 inquéritos de corrupção pendentes nos Distritos Judiciais do País, boa parte dizendo também respeito a peculato e branqueamento, não estando incluídos nestes números os processos os caos relacionados com as investigações à Câmara Municipal de Lisboa, que têm tratamento autónomo, tal conhecimento do que se encontra em averiguações e, por isso, em segredo de justiça, com o risco de muitos ficarem pelo caminho, mostra perfeitamente como, entre nós, o uso e abuso da compra de influências, que vãodesde os favores para ocupar lugares estratégicos na administração pública, como o conseguir casas para morar, através de falcatruas, como tem sido divulgado todos os dias, tudo isso à custa, muitas vezes, de intervenções político-partidárias, toda essa actuação parece ser a única forma de se conseguirem até licenças camarárias, que nem precisam da actuação de grandes figuras, pois basta o acesso a uns fiscaisitos, que facilmente fecham os olhos, olham para o lado, assobiam uma marcha popular.
Não querer aceitar esta verdade que todos nós conhecemos e, provavelmente, até já nos servimos desses enleios para conseguir o que, pela via normal e correcta, não é possível obter, pôr a cabeça na areia é aceitar aquilo que somos e ficarmos satisfeitos com a realidade, é a maneira mais prática de continuarmos todos na mesma, com crise ou sem ela, satisfaitos com o que somos. E então, é bem feita!

Sem comentários: