terça-feira, 9 de setembro de 2008

DERRAPAGENS... NUNCA MAIS!


Claro que José Sócrates tem razão quando se refere que há muita gente que se delicia a dizer mal do que é feito pelo Governo, pois que criticar é muito fácil, o que custa é indicar os caminhos certos e, nesse aspecto, no que diz respeito às oposições, não se vê saírem das suas bocas indicações precisas das vias que seriam tomadas pelas mesmas se lhes coubesse o papel de governar.
Eu, por mim, dou razão ao primeiro-ministro no que se refere a não ter qualquer ajuda dos outros grupos partidários. Segundo as suas queixas, o que Sócrates gostaria de ouvir era conselhos sobre a forma de governar, para que ele, depois, optasse por tais propostas. Dá um pouco vontade de rir, mas segundo as queixas que são feitas, o Executivo actual receberia, com grande entusiasmo, as normas que o PSD, o CDS, o PCP, o Bloco de Esquerda e mesmo outros grupos políticos usariam em cada situação que requeresse a intervenção governamental.
Isto dá ideia de se tratar de uma anedota e teria graça se não vivêssemos numa situação do País que só nos dá para chorar. Mas também não sei que medidas seriam propostas que, sendo de Esquerda, de Direita e até de extremos como há por aí, pudessem coincidir entre si. Tudo isto, para além de que, quem tem as rédeas do Poder é que tem a responsabilidade de decidir e, se não o fizer da melhor maneira, que seja castigado nas eleições que se seguirem. Isto é a Democracia e não é preciso pôr mais na carta!...
Só que estas regras não anulam o direito de qualquer cidadão, com os meios legais que puder dispor, critique aqueles que se dispuseram a ocupar lugares de destaque nas governações, pois que, se utilizam as regalias e as benesses que o poder lhes põe à disposição, do que não se podem livrar é de serem chamados de incompetentes, de presunçosos, e até de abusadores do poder de que lhes é posto à disposição. E, se fosse nalguns países que não perdoam maus actos, também lhes poderia caber o papel de serem julgados, não só na praça pública como eventualmente nos tribunais.
Por agora e rapidamente, só vou referir o caso das 207 reformas milionárias que couberam este ano a outros tantos felizardos que já estão a receber, mensalmente, entre 4.000 e 8.000 euros. Não indico aqui os nomes dos felizardos, mas posso dizer que todos eles eram funcionários públicos ou actuavam em empresas públicas, com lugares de destaque e isso chega para podermos ajuizar do critério utilizado pelas forças que decidem estes casos.
Se acrescentarmos a este dispêndio aquilo que o próprio ministro das Obras Públicas deu a conhecer esta semana, quando garantiu (podemos bem acreditar!) que as chamadas derrapagens nos custos das obras não voltarão a acontecer, tendo-se tomado conhecimento, na altura, que o que foi pago a mais pelo Estado nos últimos seis meses, em obras da sua responsabilidade, atingiram a incrível verba de 830 milhões de euros, no túnel do Rossio, na Ponte Europa, na Casa da Música, na Linha do Norte, no túnel do Terreiro do Paço e na Linha Amarela do Metro, a partir destes números todos podemos agora começar a confiar no ministro Mário Lino. Sim, esse do “jamais”, o que garantiu o que não podia.
Por isso, José Sócrates, não é possível um chefe do Governo enxofrar-se todo contra os que dizem mal. Deixe-os continuar a mostrar as suas opiniões. O que é preciso é não dar razão para descontentamentos ou… evitá-los, o mais possível. E iso, sim, é difícil.

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