quarta-feira, 27 de agosto de 2008

ILHA DO PORTO SANTO




Como complemento do texto ontem apresentado respeitante ao comportamento da Rússia no dilema que envolveu forças militares, destruições, mortes e, por fim, a decisão tomada pelo Kremlin de reconhecer os dois territórios também envolvidos na contenda, Ossetia do Sul e Abcásia (cuja dimensão é equivalente a duas vezes a área do Algarve), como independentes, perante o desacordo da maioria do Ocidente europeu e dos E.U.A., tudo isso vai dar lugar a novos conflitos, pelo menos segundo opinião expressa pelo antigo presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, que se pode considerar isento na sua apreciação.
Fico-me por aqui e como vou estar sem me manifestar no meu blogue, por ir passar uns dias no Alentejo, talvez esta pequena ausência permita encarar a situação já com as alterações que provavelmente se verificarão.
Por agora, remeto-me para uma ilha portuguesa, que tive ocasião de visitar há alguns meses, Porto Santo, e que foi alvo por estes dias de um artigo publicado no “Diário de Notícias” que se intitulava “Uma ilha dourada à conquista do turismo”. Pelo menos ameniza um pouco os espíritos preocupados com a ameaça de uma guerra, que os homens são bem capazes de fazer espoletar numa zona bem castigada por destruições e mortes que, tal como sucedeu há mais de cinquenta anos, inflamou o início da I Guerra Mundial, em Agosto de 1914.
Eu, que não conhecia a ilha pertencente ao arquipélago da Madeira, fiquei deslumbrado, mas, ao mesmo tempo, preocupado. É que, segundo sabia, tratava-se de um local verdadeiramente deslumbrante que, apesar disso, não tinha nunca sido aproveitado, em pleno, para a exploração da actividade turística, ao contrário do que se passava com a sua parceira com a capital no Funchal. E a minha preocupação explica-se rapidamente: é que, há meses e, de acordo com as notícias que chegam, assistia-se e mantem-se essa febre, a um desenfreado surto de construção civil, com o aparecimento de vários estabelecimentos hoteleiros e a edificação de prédios com apreciável altura para a venda maciça de andares. Tudo nas áreas das belas praias que rodeiam a ilha.
O susto que apanhei tem a compensação do desenvolvimento que fazia falta naquele local. Só que, como o Homem nunca é capaz de ser moderado, de avançar apenas o quanto baste, de se ficar pelo conveniente e não estragar o que pode ser uma excelente iniciativa, a pacatez, a beleza natural do Porto Santo está a desaparecer a olhos vistos. E, dentro de pouco tempo, muito pouco até, teremos ali uma segunda Ibiza que, como se sabe, deixou de ser um local paradisíaco para se transformar numa infernal acumulação de construções que, sobretudo nas épocas altas, são impossíveis de visitar e o turismo selvagem e a avalanche de gente de todo o mundo vai acabar por fazer do local um ponto que, pouco a pouco, em vez de atrair visitantes, assusta-os e vai-os perdendo.
Estes avisos não servem de nada, é sabido. A ânsia de competir com o vizinho faz com que as construções surjam com uma velocidade estonteante. Aí, sim. Somos rápidos. Não perdemos tempo.
Quando voltar destas minhas curtas férias logo se pensará no que há para comentar.

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