sexta-feira, 22 de agosto de 2008

ADIAR, ADIAR...


Nós, portugueses, somos possuidores de muitas qualidades que não temos porquê ignorar. E uma delas, para nomear alguma, é a de que constituímos um povo com enorme capacidade para receber bem os visitantes. Nem em todos os países encontramos esta característica, e quem tem alguma experiência de viajar sabe muito bem que, nalguns sítios, deparamos com gente local que não se mostra muito disponível para uma ajuda, uma indicação, que um estranho lhe peça. E isso acontece mesmo em cidades grandes, de boa fama, sofrendo talvez até de excesso de visitas de estrangeiros.
Pronto, aqui deixo expressa uma qualidade que nos deve ser atribuída sem favor. Sinto-me à-vontade para apontar agora o reverso da medalha, ou seja uma característica negativa, sendo que essa, por sinal, só nos prejudica a nós próprios portugueses.
Trata-se do longo tempo que levamos por cá para solucionar qualquer problema que surja na nossa existência como país. Apontamos a questão que precisa de ser resolvida, levanta-se essa falha na Imprensa, por vezes salta um membro do Governo a informar que os responsáveis estão atentos e que se vai criar um grupo de trabalho ou que o ministério responsável directamente está a estudar o assunto e, a partir daí, Portugal senta-se confortavelmente à espera de que a questão seja resolvida.
Entretanto, passa-se tempo. Muitos meses. Muitos anos. Acontece até que muda o Governo – como já sucedeu – e o tal problema que foi descrito como a necessitar de reparação, de emenda, de criação de estruturas de qualquer espécie, por vezes só de decisões de quem tem poder para as tomar, esse problema mantém-se a aguardar a sua oportunidade. Nada acontece.
Isto vem a propósito da chamada regionalização, mudança na divisão do País em zonas que ficam com a responsabilidade de actuar nas medidas que devem ser tomadas numa certa zona, libertando assim o Poder central de intervir desde Lisboa em problemas que as próprias regiões conhecem melhor, pois essa medida, anunciada há vários anos, falada em diferentes ocasiões, defendida por políticos de partidos e atacada por outros mesmo pertencendo ao mesmo grupo, tem-se arrastado e continuamos a aguardar que surja um dia a solução, desde que ela corresponda a uma melhoria da actuação política, social, económica e de todos os sectores que sejam úteis aos cidadãos. E que não constitua uma aumento de gastos no sector público, criando-se mais complicações, mais burocracia, mais papelada, que é aquilo que muitos velhos do Restelo tanto apreciam para dar mostras do seu poder.
Mas, desde logo, repito aqui a teses que eu defendo há muitos anos e que não há forma de surgir um Executivo com coragem para dar esse passo: trata-se de transferir todos os ministérios que se encontram instalado no Terreiro do Paço (e sobre isso, também já me referi várias vezes à utilização da Praça do Comércio para fins culturais e de hotelaria de luco) e criar, num local bem estudado, o chamado Bairro dos Ministérios, onde, num só sítio, se colocariam todas as repartições públicas que se encontram espalhadas pela cidade de Lisboa. Mas eu já falei deste tema. E nenhum Governo foi capaz de, em harmonia com a Câmara Municipal, dar esse passo fundamental para que se possa fazer o que também está anunciado há anos e que também se situa no campo dos pendentes.
Também, só depois dessa medida é que valeria a pena efectuar a estruturação da administração pública, provavelmente com a criação de novos ministérios e a anulação de outros. E, nessa altura, seria também o ideal para avaliar se o número de funcionários públicos que existem estão em conformidade com as reais necessidades.
Eu bem me posso cansar a dar estas sugestões aos governantes. Mas eles têm outras preocupações, mesmo que não consigam solucionar o problema do baixo nível de vida dos portugueses.
Este Governo… e todos os outros que se lhe antecederam.

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