domingo, 15 de junho de 2008

HÁ OUTROS PIORES!...


É precisamente no momento em que a televisão transmite um desafio de futebol que os portugueses tanto têm ansiado por assistir, enquanto me soam nos ouvidos os entusiasmos dos locutores que, desde Basileia, se esganiçam para transmitir o calor que envolve todo o campo, calor esse proveniente do fervor dos portugueses que ali vivem e por ali trabalham, pois é nesta altura que eu começo a redigir o texto que transmito ao meu blogue de hoje. Quer dizer: por um lado sinto profundamente os problemas que, esses sim vitais, envolvem o nosso País – e não só, porque a Europa também tem um bom bico de obra para solucionar -, mas, por outro, deixo-me embevecer pelo eventual resultado que este encontro de futebol entre o nosso País e a Suiça poderá apresentar, no sentido de possivelmente aliviar o sentimento que nos tem de preocupar todos os que vivemos portas adentro. O que já demonstra, da minha parte, uma certa boa vontade.
Mas, falemos de coisas sérias. Desiludidos com a actuação de Sócrates e da sua equipa quanto ao “black-out” provocado pelos camionistas patrões da nossa Terra, que provocaram um prejuízo de um tamanho insuportável em quaisquer circunstâncias mas que, na situação actual portuguesa, ainda menos se pode tolerar, de olhos baixos todos nós, sobretudo os seguidores da actuação política do actual primeiro-Ministro, pois que não pode ter desculpa que tivessem passado aqueles dias sem que o Governo fosse capaz de antecipar-se e de evitar que uns tantos (e, neste caso, nem sequer foram os tão idolatrados trabalhadores) donos de transportes de mercadorias fizessem paralisar o nosso País.
Passado que foi esse descalabro, deparamos com a decisão política da Irlanda de não aceitar, por referendo, o que foi determinado no Tratado de Lisboa, o que deixou também Sócrates a pensar seriamente se não terá que fazer uma romagem a pé a Fátima, para tentar também esta via para talvez poder afastar a má sorte que anda a persegui-lo. É que, para além disso, a subida do preço dos combustíveis não dá mostras de baixar, antes pelo contrário, o que se vai traduzir na baixa ainda mais acentuada do custo de vida dos cidadãos nacionais.
Como se tudo isto não chegasse, apurou-se agora que o custo do túnel do metropolitano que vai ligar o Terreiro do Paço a Santa Apolónia foi de 15 mil euros por cada metro dessa via, ou seja representa uma derrapagem de 65,7 por cento e, relação ao orçamento existente, o que, por outras palavras, aponta para um “buraco” de 31 milhões de euros. Para não falar no tempo de duração da obra, com os prejuízos económicos e humanos que tal demora representa, e nos 12 longos anos que decorreram desde que a data da adjudicação da obra e até Dezembro de 2007, data da “inauguração” do trabalho executado. Tendo em conta que o trabalho foi adjudicado em Fevereiro de 1995, ou seja, antes do período socratiano, o que todos nós, portugueses, temos de concluir é que somos incapazes de respeitar compromissos, defeito que vem, aliás, de trás e até da nossa História. Logo, ou nos emendamos ou estamos bem arranjados quanto ao futuro que nos espera.
Dirão os contentinhos com aquilo que somos que esses e outros descalabros também sucedem fora de portas, que não somos só nós os incapazes e que o estado a que se chegou por cá, onde a Democracia não foi capaz de operar o milagre de uma melhoria substancial no nosso comportamento de pensadores e de fazedores, também está a causar grandes dissabores em muitos outros sítios do mundo. E, excepção feita aos países, até da Europa, que, com a sua adesão à Comunidade Europeia, estão a dar mostras de enorme capacidade de evolução – talvez até, porque souberam aproveitar bem as enormes ajudas que receberam e que, por sinal, também cá vieram parar na época de Cavaco Silva, primeiro-ministro – situações económicas difíceis por aí fora não são um exclusivo lusitano.
Sendo assim, pois, quais são as perspectivas próximas e futuras do mundo que nos rodeia? Poderá haver por aí algum comentador televisivo, desses que sabem de tudo e não têm nunca dúvidas que seja capaz de garantir, por exemplo, que o Irão, que não aceita suspender o enriquecimento do urânio, não lhe dê um dia para pôr termo ao que esse próprio País considere que está para suportar. Porque é assim que actuam ou têm actuado. E, nessa altura, o carregar no botão é coisa que só se dá por isso na altura em cair sobre as nossas cabeças aquilo que, em plena escala, sucedeu no fim da II Guerra Mundial em Yroshima. Salvo seja!
E não aproveito para fazer propaganda, mas sempre deixo aqui a informação de que, numa peça de teatro da minha autoria, intitulada “E a Terra, indiferente, continua rodando…”, escrita há já vários anos e até premiada – mas nunca representada, porque este País é o que é -, o tema do fim do mundo é aí tratado.
Mas não se assustem os que tomem conhecimento desta notícia despretensiosa. Por cá, autores teatrais portugueses é coisa que não se usa. E para quê?

Ah! Já me esquecia. Afinal a equipa portuguesa de futebol perdeu com a Suiça. Parece que ninguém vai morrer por isso, pois que a nossa posição no conjunto garante a permanência portuguesa. Valha-nos isso. Com Scolari ou sem ele, lá nisso do futebol as coisas vão-se compondo.
Desta safas-te José Sócrates! Também, não pode ser tudo a correr mal…

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