terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma vida difícil (9)

(continuação)
Só que o sócio António Fiorillo, como bom italiano, não gostava de trabalhar e eu vi-me na necessidade de “inventar” mais outra actividade rentável, tanto mais que os jornais portugueses pagavam mal e tarde. Lancei, assim, o que eu pretendia que fosse uma revista, mas que a Censura não autorizou – por serSó que o sócio António Fiorillo, como bom italiano, não gostava de trabalhar e eu vi-me na necessidade de “inventar” mais outra actividade rentável, tanto mais que os jornais portugueses pagavam mal e tarde. Lancei, assim, o que eu pretendia que fosse uma revista, mas que a Censura não autorizou – por ser imperioso nomear um director que fosse aceite pelo Regime, o que não era o meu caso, posto que estava fichado na PIDE, devido às minhas actividades conhecidas pela polícia política e que tinham a ver com a minha participação nas duas campanhas eleitorais que tiveram lugar em alturas diferentes – pelo que tive de transformar a ideia jornalística numa colecção de livros, a qual não obrigava a nomear director.
Aliás, tinha tido antes problemas com a referida Censura, que me ameaçou de encerrar a Mercúrio porque a palavra “Editorial” no nome da empresa que tinha sido constituída e aceite pelo notário na escritura, só era possível mediante autorização prévia da dita instituição censória. Curiosamente, foi o funcionário da Censura Luís Pacheco, tido depois como escritor com características próprias que lhe valeram ser conceituado no meio em que se movimentava, que me apareceu um dia com os selos para fechar a porta da Mercúrio, mas que me concedeu algum tempo para solucionar o problema. Consegui ultrapassar a situação, obtendo um aval bancário de 15 mil escudos. Foi um verdadeiro milagre! E não deixa de ser curioso como se tratou afinal o Luís Pacheco que esteve envolvido, embora sem culpa, na acção que me obrigaria a fechar a Mercúrio.
A obra que passou a ser editada chamava-se “Mercúrio – Antologia Viva do Conto Mundial”, e foi um grande sucesso, havendo que referir que só passados vários anos surgiu outra edição similar. imperioso nomear um director que fosse aceite pelo Regime, o que não era o meu caso, posto que estava fichado na PIDE, devido às minhas actividades conhecidas pela polícia política e que tinham a ver com a minha participação nas duas campanhas eleitorais que tiveram lugar em alturas diferentes – pelo que tive de transformar a ideia jornalística numa colecção de livros, a qual não obrigava a nomear director.
Aliás, tinha tido antes problemas com a referida Censura, que me ameaçou de encerrar a Mercúrio porque a palavra “Editorial” no nome da empresa que tinha sido constituída e aceite pelo notário na escritura, só era possível mediante autorização prévia da dita instituição censória. Curiosamente, foi o funcionário da Censura Luís Pacheco, tido depois como escritor com características próprias que lhe valeram ser conceituado no meio em que se movimentava, que me apareceu um dia com os selos para fechar a porta da Mercúrio, mas que me concedeu algum tempo para solucionar o problema. Consegui ultrapassar a situação, obtendo um aval bancário de 15 mil escudos. Foi um verdadeiro milagre! E não deixa de ser curioso como se tratou afinal o Luís Pacheco que esteve envolvido, embora sem culpa, na acção que me obrigaria a fechar a Mercúrio.
A obra que passou a ser editada chamava-se “Mercúrio – Antologia Viva do Conto Mundial”, e foi um grande sucesso, havendo que referir que só passados vários anos surgiu outra edição similar.
(continua)

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