sexta-feira, 26 de agosto de 2011

HOMENS RICOS





ESTE NOSSO PAÍS que gozou, ao longo de muito tempo, da classificação de ser detentor dos bons costumes, em que nada progredia e em que a evolução a que se assistia, a boa e a má, não tinha entrada na nossa área, há uma temporada para cá e com uma rapidez assustadora veio mostrar como não há zonas onde o homem não dê mostras das suas partes maldosas, com surpresa e talvez por influência de acontecimentos que ocorriam fartamente por esse mundo fora, começou a apresentar situações que, nesta altura, são notícia constante e em que, especialmente no sector do turismo e com o Algarve como preferência, contrariam totalmente a fama justa de que éramos indicados.
Tendo começado pelas caixas do multibanco, utilizando-se os explosivos com gás de botijas que não eram habituais entre nós, daí foram as próprias instalações bancárias que foram alvo dos gangues que se formaram e que sofreram os assaltantes que, à mão armada, se foram instalando e se tornaram numa actividade frequente.
Quer dizer, seja por influência de actividades que se importaram com a chegada de emigrantes que eram portadores de tais hábitos e que aproveitaram e se aproveitam do escasso policiamento de que dispomos e, melhor ainda, de uma Justiça que não está preparada para responder a tais acções criminosas, a verdade é que, como alunos que somos e bem aplicados, logo utilizámos essas lições e passámos a actuar com eficiência. Até as esplanadas servem para realizar esses actos e os roubos de pertences das vítimas que não serão portadoras de fortunas, essa acção pode classificar-se como sendo mesmo à portuguesa, pois que o pouco que cada assaltado trará consigo, até isso serve para ser alvo dos grupos que, sem receio das eventuais reacções, lá fogem depois a pé e tranquilamente. Nisto, podemos dizer que também temos os nossos métodos bem lusitanos, dado que nem sempre se necessita roubar antes um carro, que isso é coisa de profissionais de fora de portas…
Enquanto isso ocorre, foi chegado o momento de o Governo decretar o aumento das cargas fiscais aos ricos, sendo já anunciada essa actuação através do Orçamento do próximo ano. A crise chega a todos e os que dão mostras de continuarem a governar-se bem no meio de uma aflitiva situação que os habituais pagantes de impostos não podem escapar aos diversos que os atingem, entre os quais o do corte no subsídio do Natal.
No entanto, essa determinação de os mais ricos virem a ser taxados com mão mais pesada, tem de levar em conta que, não tendo o dinheiro amor a nenhuma pátria, a sua fuga para os chamados paraísos fiscais é uma eventualidade que não pode fugir da intenção dos governantes. Logo, se a determinação do Estado for, na prática, aplicada sem ter presente que há que ter essa possibilidade bem presente, pelo que não se podem espantar os que podem fazer aplicações em investimentos nacionais e se isso suceder sem a oferta de possibilidades em aplicar os seus bens na economia nacional, fica-se sem se atingir o objectivo principal que é o de proporcionar a essa camada de beneficiários com a fartura de fundos que possuem a utilização dos seus bens monetários em actividades produtivas que, ao mesmo tempo, criam também postos de trabalho. Por isso, em meu entender, só devem ser taxados mais pesadamente aqueles ditos ricos que não apresentem ao sector fiscal propostas de investimento produtivo ou mesmo aceitarem perspectivas que o próprio Governo lhes proporcionar.
Mas isto será pedir demasiado aos cérebros pouco imaginativos, que existem e não são poucos, que estão colocados em lugares de comando e que se limitam em proibir e raramente em apresentar saídas de desenvolvimento que há por aí e com
fartura.

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