segunda-feira, 11 de julho de 2011

MÁ SORTE



NÃO HAVERÁ GRANDES SÚVIDAS de que o nosso País atravessa um período que se pode classificar como de má sorte. Isto para colocar a situação que vivemos como consequência dos jogos de azar, em que umas vezes se ganha e outras se perde.
Quem afirma, como forma de consolação, que Portugal sairá desta incólume, como sucedeu várias vezes ao longo da nossa História, não se baseia noutra coisa que não seja no acaso, isto é, na roda da sorte, não levando em linha de conta que são os homens que fazem os erros e por isso deles devem sair sem recorrer a misticismos provenientes de origens desconhecidas. É que, o que se torna essencial é que tomemos consciência das atitude que têm sido tomadas ao longo de vários anos e desde que ocorreu o 25 de Abril – pois que, para trás, nem vale a pena referir porque o comando esteve sempre imposto e os benefícios e os erros só pertenciam a quem dispunha da força e os portugueses não tinham outro remédio que não fosse seguir as normas estabelecidas e, em muitos casos, até aplaudi-las, que era uma forma de não estar sujeito a incómodos - , pois que se a Democracia foi implantada, por muito mal que ela tenha sido aplicada, dentro das regras cabe aos sucessivos governos que o povo escolheu a responsabilidade de não saber encontrar o melhor caminho para que o País não fosse conduzido ao afundamento económico, financeiro e social que o colocou no estado em que se mostra ao mundo inteiro.
Na verdade, já não bastava a situação periclitante em que Portugal se situa, para até o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem nos ter condenado 15 vezes por não ter sido aplicada a liberdade de expressão que as regras democráticas impõem e a que nos passámos a sujeitar logo que a ditadura foi demovida do nosso sistema político. A Justiça portuguesa, que também se encontra numa situação verdadeiramente condenável, ao ter procedido à condenação de órgãos de comunicação social e aos respectivos jornalistas que intervieram nas condenações, perante a recorrência ao órgão europeu que se encontra no cúmulo da aplicação das leis de liberdade de expressão, viu-se, por 15 vezes, destituída da sua autoridade, pois que as razões que nos nossos tribunais foram dadas como aceites para culpar os castigados, nos julgamentos superiores não foram levadas em consideração e Portugal saiu mal nas fotografias que davam mostras desses casos.
Que, ao menos, na área da Justiça não cometêssemos tantos erros, pois bem nos chegam os que fizeram com que se esgotassem os meios financeiros que tanta falta nos fazem e que se tivesse actuado a nível governamental como se fossemos um País rico, para até nos julgamentos de casos que têm a ver com o uso das Liberdades legais, até aí saíssemos borrados na imagem exterior, o que somado ao ar de pedintes que temos vindo a assumir nos coloca numa situação que não há História antiga que nos liberte de uma ideia de Pais e de povo que sabe conduzir-se sozinho, sem a vigilância de instâncias externas.
Podem chamar de má sorte aquilo que nos está a acontecer desde há uns anos para cá, pois que, repito, antes da data da libertação nem éramos considerados como Nação a merecer ser observado. E agora, com esta decisão que está ainda em estado de dúvida de ser aplicada, refiro-me à redução de freguesias e também de municípios, para serem encontradas poupanças nos gastos públicos, em que, uma vez mais não se efectua o estudo prévio das circunstâncias para que não ocorram erros de aplicação generalizada, visto que, se há freguesias que podem ser juntadas a outras, sobretudo nas cidades, no interior do País, se isso for seguido sem análise de cada caso, então perde-se o contacto que é essencial entre o poder e os habitantes, e vice-versa, aumentando o vazio que já existe, por má actuação dos organismos que ainda têm lugar e que, apenas para dar ocupação a uns tantos membros de partidos, não criam a união essencial entre todas as partes. Mas isso é outro assunto.
Só que a má sorte que nos caiu em cima, provavelmente desde que o filho se zangou com a mãe, não pode ser apontada como a causa principal de tudo que ocorre. Assumamos nós as culpas e façamos os possíveis para nos emendarmos. Isso é o principal.

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