quarta-feira, 27 de julho de 2011

SANTA JUSTA





AINDA ME RECORDO de, quando era um rapaz que ia para a escola todos os dias, a minha Mãe me dava dois tostões (20 centavos) para poder utilizar o elevador de Sta.Justa, só a subir, que, para baixo era a pé, o que por vezes eu nem utilizava porque comecei a juntar para comprar um macito de cigarros dos mais baratos, pois as companhias são as que induzem a rapaziada a fazer aquilo que não deve.
De igual custo era o elevador da Glória, que servia quando eu ia visitar a minha Avó Avelina Vacondeus, tal como tinham o mesmo preço o da Bica e o denominado por Lavra. Eram tempos em que, apesar do dinheiro ser muito escasso, sempre se ia conseguindo fazer uma vidinha algo capaz, coisa que hoje, com uma moeda forte, nem pensar! Ao saber-se que o uso do referido elevador públicoque liga a Baixa ao Bairo Alto, passou para 5 euros, o equivalente, na moeda antiga, a 1.000 escudos, verifica-se a enorme diferença que existe entre o que sucede agora e o que era esse passado que, política de ditadura aparte, sempre se ia faNós, os que vivemos o tempo da II Guerra Mundial, que sentimos na pele a utilização das senhas de racionamento de produtos essenciais, não conseguimos ter pachorra para suportar nesta altura as exigências da juventude de hoje que se classifica até de geração rasca. Por isso, ao vermos às portas das faculdades os carros que os paizinhos ofereceram aos pequenos e ouvimos as queixas que fazem por ter de fazer a pé um trajecto dentro da cidade de Lisboa, ao mesmo tempo que só nos resta encolher os ombros somos forçados a pensar no que lhes vai calhar, de pagar as dívidas que aqui são deixadas, mesmo que com algum alívio devido às negociações e acordos que começaram nesta época a ser feitos com, os credores.
Pois esta observação saiu-me por ter acabado de ler as notícias que correm e em que foram gastos pelo nosso Estado cerca de 2,2 milhões de euros perante as contas que a maioria dos concorrentes apresentou pela sua participação na eleição a Presidente da República, em que saiu vencedor Cavaco Silva, sendo que alguns deles ainda se sentem credores da parte que não foi considerada por não terem sido alcançados os resultados esperados.
Nesta fase em que todos parecemos uns náufragos que mal nos mantemos à tona de água, com a vista colocada em cima de um novo Executivo que se prestou para receber um pacote de problemas económicos, financeiros e sociais que lhe foi deixado pelo anterior locatário que, nesta altura, é dado como estudante num País europeu, que não o nosso, com a ideia de que essa será a bóia que nos dará salvação, agora já não constitui admiração todas as novidades, dentro e fora de Portugal, que não podem ser consideradas normais, tal como o que ocorreu na Noruega e tudo o que possa seguir-se. Esta agora de que o Governo admite que apresentará dois orçamentos rectificativos, coisa que vai ocorrer em 3 de Agosto na Assembleia da República, posto que existe ainda num montante de endividamento estipulado em 78 mil milhões de euros que o FMI e a União Europeia irão emprestar-nos e que são destinados à Banca nacional.
Sem entrar em pormenores que já se começam a tornar muito enfadonhos, sobretudo porque não há ninguém que consiga garantir com absoluta certeza que seremos capazes de nos desembrulharmos pelos nossos próprios meios, ainda que o panorama de aumento de encargos, fiscais e outros, esteja aí a aparecer a cair e continuará nesse ritmo sobre os portugueses, para irmos preparando o nosso espírito de sacrifício basta que tomemos conhecimento que os remédios vão ficar mais caros a partir do próximo mês de Outubro.
Fico-me por aqui, para não enfastiar os meus leitores. Amanhã haverá, sem dúvida, mais um rol de más notícias. Eu estou cansado de ter que dar estas notícias tão tristes.
Valha-nos Santa Justa, aquela que é apontada logo no início do blogue de hoje. Se conhecerem outra que possa deitar-nos uma mão e que não seja necessário pagar os tais 5 euros para nos prestar atenção, pois que venha essa indicação…

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