segunda-feira, 2 de maio de 2011

TRABALHADOR É QUEM TRABALHA



O PRIMEIRO DE MAIO, que este ano calhou a um domingo e, por isso, não constituiu mais um feriado que se poderia juntar aos que anteriormente provocaram as “pontes”, foi simultaneamente o Dia da Mãe mas, com muito mais relevo comemorado, o Dia do Trabalhador, o que proporcionou que a CGTP e, naturalmente, a sua congénere UGT, aproveitassem para organizar manifestações que juntaram uma quantidade de gente que quer dar mostras de que se encontra ligada a este tipo de festejos.
Por minha parte, eu que fui um trabalhador desde que me conheço e que, quando isso até se usava pouco, fui um trabalhador-estudante, não me canso de afirmar que a expressão “trabalhador” que, politicamente é utilizada para fazer contraponto aos que proporcionam trabalho, os patrões, se bem que, sobretudo nas pequenas empresas, sejam estes a dar o couro e o cabelo, sem horários e sem regalias, o que quer dizer que trabalham muito mais do quis os que têm ao serviço e a quem pagam os seus salários.
Mas não é nesta questão que me quero meter, sobretudo nesta época em que existem mais de 600 mil portugueses que se encontram desempregados, ou seja não têm trabalho, havendo bastantes deles que recebem os subsídios que, vamos lá ver o que sucede com a Troyka, não se sabe se não acabarão.
Trabalhador é um título honroso quando os que têm o direito de o utilizar se entregam honradamente à profissão que exercem, ou seja, são pontuais, competentes, e utilizam as horas que lhes estão destinadas explosivamente para contribuir para que o País em que estão integrados aumente a sua produção, o que quer dizer que a distribuição dos rendimentos provenientes da sua actuação serve para tornar mais rica a Terra onde pertencem.
Quanto a patrão é a denominação que se dá a quem arrisca o que tem e frequentemente o que fica a dever para criar empresas, quantas vezes bastante falíveis, o que se traduz em postos de trabalho que, por sua vez, são o sustento dos outros, os que os sindicatos chamam em exclusivo de “trabalhadores”.
Trata-se, pois, de montar uma espécie de “clubite” futebolística, em que, de um lado estão os ditos “bons” e do outro os “malvados.
E é contra isto que não me canso de me revoltar, sobretudo quando oiço os discursos de gente como o Carvalho da Silva, que não é trabalhador nem patrão, mas que defende o seu “tacho” com unhas e dentes, pois o salário que recebe e até a oportunidade que teve para estudar enquanto mantinha essas mesmas funções – o que merece um elogio – é proveniente das posições que toma em que até dá ideias de se tratar de um presidente líbio qualquer, em que não abandona o lugar que ocupa nem que caiam raios e coriscos…
Porque defender os interesses de quem trabalha é uma acção digna, mas o que é preciso é não meter todos no mesmo saco, pois é mais do que sabido que os portugueses, por estilo, vício e costume que vem de longe da sua História não é propriamente um ser que cumpra meticulosamente as suas obrigações, contando-se até por graça, que não tem graça nenhuma, que o desempregado nacional não anda à procura de trabalho mas sim de emprego!...
Numa altura aflitiva de Portugal, em que se necessita urgentemente de tornar o País produtivo, a CGTP e a UGT fariam um melhor serviço se, enquanto lutam pela defesa dos direitos dos que trabalham, ao mesmo tempo recomendassem que cada um de nós efectuasse as suas funções com zelo e com consciência de que estão a contribuir para melhorar o futuro deles próprios mas, igualmente, dos seus filhos.
Mas como é que havemos de aspirar a ter dirigentes sindicais competentes e autênticos se, no resto das outras actividades, no Governo e fora dele, no Parlamento ou onde seja, nos partidos ou por aí, com o que podemos contar é essa gente que somos nós todos e que, nesta altura, nos encontramos à espera de um milagre, seja ele qual for?

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