sábado, 7 de maio de 2011

A MENOS MÁ DAS POLÍTICAS



ACRESCENTO ALGUMA COISA ao que ontem foi expresso neste espaço. Muito haverá a referir no propósito de contribuir para que Portugal consiga encontrar maneira de, pelo seu próprio pé, alterar profundamente o sistema que tem sido utilizado quase desde que o País foi criado, ainda que levando em conta que diversas situações foram preenchendo a nossa História, algumas mais eficazes mas outras verdadeiramente demolidoras. Mas o que importa agora é apresentar propostas que, dentro do regime democrático que tem que ser mantido a todo o preço, aproveite na totalidade as vantagens do modelo, ainda que se não se possa esquecer o célebre princípio avançado por Winston Churchill de que “a Democracia é a menos má das políticas”.
E é ao retirar-lhe as partes que não beneficiam a sua aplicação prática que se poderá atingir um ideal que, apesar das deficiências que o Homem introduz em tudo que toca, não transformem o respeito pelas opiniões dos outros num completa demagogia, que é o caminho mais fácil e atractivo que, todos os que de democratas apenas possuem o nome, se servem desse factor para tirar partido do estabelecido.
Como princípio básico da vida, só os que se podem considerar como os melhores, de entre os conjuntos de indivíduos que formam uma linha de actuação, é que devem ter o direito de assumir a condução dos restantes, sendo escolhidos por todos e, no caso de terem ocorrido enganos nas classificações, rapidamente devem proceder à emenda para se ir a tempo de não prolongar os erros que os destacados tenham cometido.
Indo mais dentro da prática democrática e dado que os homens não são iguais, havendo os melhores, os piores, os mais conhecedores e os ignorantes, como existem os convencidos da sua importância, ainda que relativa, e os que, conscientes da sua pouca ciência, se entregam à preocupação de aprender cada vez mais, existindo de tudo e, de uma forma geral, competindo aos outros efectuar as apreciações e as escolhas, nem sempre a colocação no pedestal é feita com bom senso, justiça e rigidez de critérios, sendo frequente que o número um não atinja tal posição, o que fez foi ter usado de uma especial habilidade para se destacar aos olhos dos que se dispõem a servir de juízes. Enganar não é assim tão difícil.
Não se descobriu ainda uma forma correcta de se praticar a Democracia sem que existam partidos políticos, cada um defendendo princípios ideológicos que consideram ser os que melhor servem as liberdades, não devendo por isso ignorar-se se, em alguma ocasião, que todos têm o direito de seguir as normas em que acreditam, sempre e quando não interfiram com as que os outros grupos consideram ser o mais merecedores. É difícil, pois é, mas ser adversário não pode representar, em nenhuma circunstância, um inimigo. Ter gostos diferentes não significa que só o nosso é que tem direito a ser aplaudido pelo resto do mundo.
Esta uma regra que, se os seres humanos fossem compostos por animais racionais que procurassem a convivência ainda que as suas cabeças não funcionassem todas para o mesmo lado (digo assim para fugir da linguagem de muitos políticos portugueses, que só se preocupam em evidenciar uma cultura que, quase sempre é falsa), e assim se poderia considerar o ideal do entendimento na Esfera terrestre em que temos de viver. Só que não é isso que se passa em todos os quadrantes e tal a razão por que se verificam constantemente, desde que o homem é homem, disputas, confrontos, ataques e defesas, acusações, mortes por violências e toda a espécie de zangas que, desde que o mundo é mundo e em que o chamado Homus Sapiens procura impor as suas vontades, não houve altura em que tivessem sido evitadas.
No nosso caso, neste Portugal em que actualmente vivemos, desejando que não se repitam as desavenças políticas que nos costumam atormentar, agora que estamos a aguardar o dia 5 de Junho, para constatarmos quem vão ser os privilegiados (chamemos-lhes assim), que, de acordo com o sistema democrático em que assentamos, surja o partido, isolado ou em companhia para que obtenha mais força, e em que por alcançar maior número de votos será quem, a partir daí, indicará o indivíduo que entende ser o melhor preparado para se sentar na cadeira do Poder. Mesmo que, na realidade, não o seja.
É o sistema. O povo vota num grupo e é esse mesmo grupo que indica quem satisfaz, segundo o seu próprio juízo, da melhor maneira os seus interesses, ainda que, por vezes, não coincidam com os que o País considera serem os ideais.
Mas que outro regime poderia substituir o que grande parte do mundo aceita como sendo a mais aceitável? O tal “menos mau de todos”…
Não escondo que ando seriamente preocupado com o que se vai passar nessa data tão importante de Junho. Quando a distância entre os dois principais partidos, PS e PSD, nas sondagens não apresentam uma percentagem assim tão significativa que indique estar um dos dois mais perto de sair vencedor absoluto, pelo que, se tal vier a acontecer, a necessidade de recorrer ao CDS, para que o total dos votos possa formar a maioria absoluta, perante um caso destes, o partido “desempatador”, ficará com mais influência nas decisões do que o que se situa em primeiro lugar. Como esta possibilidade não está longe de poder acontecer no panorama à vista do nosso espectro político, teremos que estar preocupados quanto ao que poderá vir-nos bater à porta.
Perante esta possibilidade e não só, a mudança da Constituição que nos tem regido constitui uma necessidade absoluta para evitar situações que, como esta, nos põem perante problemas que não são fáceis de resolver. Seria muito conveniente que nos fôssemos preparando para uma situação que, num leque de dificuldades, exigirá que o homem que vier a exercer as funções primeiro-ministro seja alguém que enfrente as realidades, fale claro ao povo, não faça jogos escondidos e tenha a coragem de assumir os erros que eventualmente vir a praticar, pois que ninguém é completamente perfeito e só pode ser criticado se não reconhecer e emendar.
O Presidente da República apareceu finalmente a dirigir-se aos portugueses e, pondo de parte qualquer pretensão de imodéstia, assinalo que o que eu afirmei ontem no meu blogue parece ter sido lido pelo Chefe do Estado. E eu que não sou um aplaudidor incondicional das acções de Cavaco Silva, mesmo que não possa esquecer que foi no seu mandato como primeiro ministro que negociámos a nossa produção agrícola e piscatória com a Europa, o que reduziu drasticamente a nossa produção de que nesta altura tanto de clama pela sua falta.
Mas agora há que modificar de forma absoluta o nosso comportamento, como povo, como governantes, como interveniente em geral nas instituições do Estado, como sindicalistas, seja como for a nossa intervenção para a melhoria de um Portugal que não aguenta muito mais tempo se não forem utilizados os meios que, mal ou bem, o Tryplex acabou por acordar connosco.
Há ainda que saber se os tais 78 mil milhões de euros que nos são facilitados para, juntando aos outros milhares de milhões que já devemos com juros altíssimos, serão utilizados por mãos bem distintas das que dispôs José Sócrates e mesmo de outras que percam a cabeça com os altos montantes e não canalizem as verbas estritamente para as necessidade inultrapassáveis. E, para além disso, se aquele montante elevado é suficiente para solver compromisso a tempo e horas.
No meu blogue de ontem referi o que constituía a prioridades das prioridades no capítulo da promoção e da criação de empregos. Mas muitas outras formas existem para se dedicar a principal atenção que exigem medidas fortes e valentes no capítulo de abandonarmos até investimentos de segundas e terceiras necessidades.
Mas estar eu por aqui a desfilar medidas para uma gente que, por muito português que eu me considere que seja, um PS, PSD OU CDS, que estão convencidos que sabem tudo e que ninguém de fora, tem o direito de dar “palpites”, antes devendo ficar no seu canto a sofrer as consequências e a discordar, surdo e mudo, com as s medidas que venham a ser tomadas.
O que é pena é também que as publicações, rádios e televisões insistam em querer ouvir sempre as mesmas figuras que, quase que desde a Revolução assentou arrais em Portugal, dizendo sempre o mesmo, não trazendo soluções inovadoras, sejam as que parece terem o público que interessa para as mediações de audiências.
Estamos todos metidos no mesmo “embrulho”. E daqui não creio que saiamos.

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