sexta-feira, 6 de maio de 2011

ILUSÕES, QUEM AS NÃO TEM?




Este texto é longo. Mas muito fica ainda por escrever. O que me enche a cabeça com o propósito de contribuir para que este nosso País consiga sair do atolamento em que se encontra ocuparia um volume inteiro. Por isso o título é o que é.


AO TOMAREM AGORA OS PORTUGUESES conhecimento das duras dificuldades que lhes são impostas pela decisão saída da Troyka, e depois de se ter ouvido o ministro de saída, Teixeira dos Santos, de que s medidas são as necessárias, a pergunta que tem de saltar à cabeça de cada um que se encontra atento as estas coisas “complicadas” do nosso País – que são muito poucas tais mentes que se distraem com outros assuntos mais comezinhos -, é de como é que num Governo com tanta gente lá metida, directa e indirectamente, e agora com uma dimensão de ”politólogos”, como se lhes chama, que aparecem sucessivamente a opinar sobre a situação portuguesa na área da política, não houve ainda oportunidade para que alguém aparecesse a apresentar um rol de sugestões que se tornam essenciais para conduzir Portugal à situação de tranquilidade de que se espera há tantos e tantos anos de História.
Tenho que repisar o que já me saiu nestes escritos de que, de forma solta - como não posso fazer mais do que isso – tenho tido o descaramento de apontar soluções que, pelo menos sob o meu ponto de vista, poderiam ter sido utilizadas ou no mínimo comentadas e discutidas pelos tais “sábios” que mostram vaidosamente serem possuidores de múltiplos remédios, ainda que não passem, aqueles que têm tido nas mãos os meios para sair da teoria e entrar na prática, essa gente que não foi mais longe do que recorrer à intervenção externa (mesmo que se desculpem, atabalhoadamente, de que o PEC 4 resolvia tudo), em vista disso vou hoje, neste blogue, tentar enunciar uma série de medidas que, se me competisse actuar com força num Executivo, faria os possíveis para as pôr em prática.
Julgo que vou ser longo, pois tudo que vou escrever me vai saindo da cabeça, ainda que tenha arrecadado um extenso rol de acções que, sem ordem devidamente esquematizada, se têm vindo a cumular ao longo dos muitos anos de interesse pelo meu País, de actividade profissional que me obriga a acompanhar todos os movimentos que ocorrem nos sectores da política, da economia e do sector social, não ficando nunca indiferente ao que vou entendendo dever ser a acção que os responsáveis devem seguir.
Tem sido afirmado repetidamente - e o problema não é apenas de hoje nem só por culpa da malfadada crise que paga, neste década, as favas todas – que, a par de outras falhas ou até acima de todas elas, o nosso País se debateu sempre com a baixa produtividade de que foi e é autora, não bastando a desculpa de que se trata de uma Nação pequena e pobre para que nos conformemos com o pouco que sai das nossas mãos e é proposto aos outros para ser adquirido. Porque, desde 1974 estamos reduzidos ao rectângulo continental e às Ilhas Adjacentes, tendo antes contado com um espaço colonial enorme, para não recordar o que sucedia no tempo em que o Brasil pertencia à nossa administração e Goa, Damão e Diu e, mais recentemente, Timor estavam incluídos no mapa das propriedades lusitanas.
Pois bem, quando a área portuguesa se reduziu ao que somos hoje, beneficiando da implantação da Democracia e da integração no espaço europeu, a comparação que poderia ser feita era com parceiros deste Continente que ainda têm menos área territorial do que nós, a Suiça, o Luxemburgo, a Irlanda do Norte, a Holanda, a Islândia e tantos outros que não vou agora aqui descrever, até para não ser obrigado a verificar os quilómetros quadrados de cada um para não falhar na comparação. E, no que respeita à situação geográfica, a nossa até se pode considerar como privilegiada, bastando até referir a maior zona oceânica que nos rodeia e que tantos outros, mesmo grandes países, bem desejariam possuir. Desse modo, passando a utilizar a moeda que a maior parte dos 27 membros também consideram sua, assistindo a desenvolvimentos de outros povos que não se queixam da sua pequenez nem do aperto geográfico que alguns sofrem, o natural seria que nos adaptássemos rapidamente às circunstâncias que surgiam e reconstruíssemos a nossa vida de harmonia com o panorama que nos era oferecido.
Já não vivíamos sob um regime de opressão, as múltiplas cabeças que democraticamente poderiam ter actuado não estavam limitadas a pressões dirigidas por altos poderes e os partidos políticos estavam libertos de defender princípios que cada um entenderia ser o melhor. Ao povo coube-lhe passar a escolher. Que mais era então preciso?
Mas, se no passado histórico nunca demos mostras de saber tirar partido das boas ocasiões que o mundo nos proporcionou e nós lá fomos capazes de utilizar, satisfeitos e vaidosos com as descobertas, não tivermos o mérito de, ao mesmo tempo que levávamos o conhecimento actualizado a povos em estado de atraso absoluto, introduzindo apenas a nossa língua e mesmo essa não na totalidade dos territórios, não conseguimos obter o retrocesso merecido das riquezas que, logo a seguir, outros países, a Inglaterra e a Holanda, entre vários, extraíram com grande proveito. Se, pelo menos o tal rei Manuel I não tivesse feito o disparate de expulsar os judeus, bastante benefício teria sido conseguido com a sua habilidade de introduzir progresso nos sítios por onde passavam e passam.
Mas, sem entrar nos pormenores da nossa História que eu, no meu poema em 10 cantos, chamado LUSOFONIA, descrevo numa inspiração pobre de OS LUSÍADAS, chegando até aos nossos tempos – um dia será publicado, mas sem eu cá estar -, não deixo de me lastimar pela fraca postura portuguesa que os seus mais de 800 anos de vida bem ganharia em ter aproveitado para benefício de todos os lados E entro directamente nas acções que, na situação em que nos encontramos, deveríamos tomar de imediato. Isso para ver se se conseguirá, ao mesmo tempo que se vão pagando as dívidas que obrigam a que se contraiam ainda outras até ao final da década que temos pela frente, ir progredindo no sector da produtividade própria.
Falemos de desemprego e de produção insuficiente. E uma coisa está ligada à outra. Sabemos que o interior de Portugal não tem a ocupação humana que necessitaria para fazer desenvolver as áreas, sobretudo agrícolas, que têm vindo a ser abandonadas e que, na época de Cavaco Silva, como primeiro ministro, foram paralisadas com os dinheiros que a CEE nos ofereceu, isso ao mesmo tempo em que, sob o ponto de vista industrial, então ainda mais distantes se encontram tais áreas do aproveitamento que deveria ter-lhes sido atribuído. Pois era aí mesmo que deveria ser dado o primeiro passo, podendo uma máquina promocional a funcionar (e refiro-me aqui, de novo, à AICEP, esse instituto, agora nas mãos, por enquanto, de Basílio Horta e que deveria fazer o trabalho que lhe compete) que, por esse mundo fora e dado que tem muitas delegações espalhadas por múltiplos países, lhe cabe a obrigação de atrair financiamentos industriais para serem utilizados em Portugal, para o que a ofertas de terrenos e das maiores facilidades fiscais constituiriam uma maneira de pôr o nosso País a produzir e a exportar. Mas, para tal, impunha-se efectuar um estudo bem estruturado das nossas capacidades em atrair grandes e pequenas empresas a deslocarem-se para Portugal, sendo que aí a nossa mão-de-obra poderia ser utilizada. Não é não senhor, impossível de concretizar esta ambição. Só nos basta pôr nos lugares certos as pessoas certas e exigir-lhes resultados rápidos e concretos. Ou isso ou a rua…
Mas, na zona agrícola, que se encontra tristemente parada, basta recordar o que já foi objecto de um estudo da minha parte, em que Israel, que visitei com este objectivo variadas vezes, quando esse pequeno País pleno de problemas em redor quis atrair para a sua Terra Prometida o maior número possível de judeus para irem desenvolver os terrenos agrícolas (por sinal com uma má terra própria para produzir), acolheu gente vinda de países como a Rússia, Polónia e outros, quase todos pessoas letradas e com conhecimentos científicos bem distantes da agricultura, a atitude prática que tomou foi a de criar os “kibbutzin”, espaços destinados a acolher e a preparar gente não agrícola a dedicar-se a essa actividade, o que sucedeu com enorme sucesso, como se verifica hoje em que o alto nível de produtividade daí proveniente representa a capacidade daquele povo que é um modelo de resistência.
Quer dizer, olhando para o nosso caso, o que está por fazer num primeiro passo, é a ocupação e exploração de todo o interior português, não deixando um metro quadrado por utilizar seja com que actividade for, sendo que essa iniciativa teria o duplo valor de juntar o útil ao agradável, isto é a produção agrícola e a atribuição de emprego e eventualmente residência a quem se encontra incluído nos quase 800 mil indivíduos sem trabalho, número este em vias de ir aumentando.
E na parte industrial, a ajuda financeira que também pudesse ser dada às propostas que surgissem apresentadas por quem mostrasse capacidade para meter ombros a iniciativas com pés e cabeça, criando-se mesmo para isso instituições que tivessem o objectivo de estudar e ajudar os mais atrevidos, ao mesmo tempo que se convidavam empresas estrangeiras também se daria ajuda aos nacionais.
Claro que, para isso, se impõe que as burocracias tão do nosso agrado sejam arredadas e limitadas ao essencial, e para que tudo resulte com sinal positivo haverá que modificar completamente o nosso espírito de complicar, havendo todo o cuidado, há que dizê-lo, em não permitir que as corrupções se infiltrassem nos meios de decisão, para o que o sector da Justiça teria que ser reformulado com mão de ferro por forma a anular, tanto quanto possível, os habilidosos que se aproveitam sempre das circunstâncias parta retirar algum proveito das boas intenções dos outros.
Só agora é que “descobriram” que há Concelhos e Freguesias a mais neste nosso espaço, o que era evidente desde há centenas de anos mas que se entendia ser conveniente que assim fosse quando o regime político desejava ter sob controlo todo o País e para isso era conveniente tê-lo o mais dividido possível, pois se assim é impõe-se que a redução dessas instituições ocorra com a maior rapidez, sem hesitações. Vamos ver se é isso que irá ocorrer ou se, como é costume, passarão os anos e ficaremos na mesma. E, obviamente, é absolutamente necessário que o sector governamental disponha de uma maioria absoluta no Parlamento que lhe permita não estar sujeita a contestações de opositores que impeçam pôr em funcionamento os objectivos desejados e, no capítulo da Constituição, o mínimo essencial para que esse sector seja actualizado é um dos factores que muito ajudará a modificar o sistema em que nos temos movido.
Mas, tal como estas, múltiplas situações não podem perdurar, pois está mais do que visto que se tratam de entraves ao nosso desenvolvimento e, sobretudo, à mentalidade que perdura nas meninges lusitanas, tais anulações de atrasos devem constituir as prioridades do elenco governamental que sai vencedor no próximo dia 5 de Junho. Que é forçoso dar o golpe de misericórdia nos comportamentos que estão enraizados na nossa “portugalidade”, essa atitude tem de constituir o conteúdo principal das intenções dos próximos governantes.
Não somos capazes de reconhecer os nossos próprios defeitos. E de declará-los abertamente, mesmo que seja um Presidente da República a fazê-lo, pois que este não existe apenas para inaugurações e para tudo fazer para se manter no lugar ao longo de dez anos. Quanto mais elevado é o cargo maior responsabilidade deve ser assumida e só fica bem que, quando erramos, reconheçamos publicamente que a intenção era boa… mas que o resultado saiu mal. Ainda não entenderam os nossos políticos que os portugueses, sendo muito “discutidores”, porém, quando presenciam um arrependimento logo perdoam e até choram no ombro…
Fica-me tanto para expor que, depois do longo discurso que deixo, julgo que seria exagerado propor mais tempo de leitura a quem se tenha disposto a seguir o que acumulo nestes meus pensamentos. Mas, depois de tanta demonstração de pessimismo que não tenho podido evitar nestes meus blogues diários, dar a conhecer que bastante de criativo existe em mim que poderá melhorar um pouco a ideia que fazem os que me seguem, essa pretensão ser-me-á perdoada e bem desejo que tal suceda.
Quem não estiver de acordo com o que escrevo que o diga abaixo. O que é preciso é que, com educação e regras, a Democracia seja exercida neste País onde todos são “democratas” desde que os não contrariem!...

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