domingo, 8 de maio de 2011

HAVERÁ SOLUÇÃO?




PERANTE A AFIRMAÇÃO de Passos Coelho de que, com José Sócrates, não fará parte de um Governo que eventualmente seja a solução que venha a ser encontrada após as próximas eleições em 5 de Junho, a dúvida que se tem de colocar aos votantes que se deslocarem às urnas, posto que essa possibilidade não pode ser posta completamente de parte, sobretudo nesta altura em que as sondagens não indicam grande diferença de percentagem entre os dois partidos em causa, a solução estranha que poderá ser encontrada, é a de dar satisfação a Paulo Portas que não escondeu que anda habilidosamente à espreita de obter uma possibilidade de ascender ao lugar de primeiro ministro desta Terra politicamente um pouco à deriva.
Na eventualidade de ser imprescindível a inclusão do CDS para ser conseguida uma maioria absoluta do lado da Direita, posto que a eventualidade de tal ser obtido com o PS e toda a Esquerda não é hipótese fácil de ser conseguida, mantendo os dois responsáveis socialistas e sociais-democratas a teimosia em não se entenderem, o que poderá surgir como solução é ambos preferirem que o presidente dos democratas cristãos se sente na cadeira do comando, por muito desagrado que isso lhes cause e tenham de ser postas condições limitativas às “arrancadas” muitas vezes surpreendentes, por excesso de “eu” e falta de “nós” do homem do largo do Caldas. Deve ser bonito!
É evidente que apresento esta possibilidade sem a menor crença que tal suceda, mas como teoria não pode ser posta de parte. Pode ser uma forma tosca de Sócrates e Passos Coelho ultrapassarem a birra que ambos sustentam mutuamente, mas quanto a isso poder ser considerada uma atitude racional, disso está muito distante.
Seria bom que, ao longo da campanha eleitoral que até já teve início de forma subreptícia, qualquer dos dois grupos partidários com hipóteses de atingir o primeiro lugar pusesse em claro a solução que encontraria se a mínima vantagem dos votos os colocasse perante o dilema de terem de se entender para formar Governo, posto que os cidadãos ficariam esclarecidos e tomariam a sua opção com menos dúvidas e não cairiam em soluções de recurso, como poderá ser a de optarem por qualquer grupo partidário que não se encontre perante este dilema. Quer em qualquer dos dois lados extremos do quadro ideológico.
Portugal necessita de um Executivo que, perante as soluções saídas do estipulado com o grupo técnico europeu que permitiu que nos fosse concedido o empréstimo, que aí há-de vir ainda em prestações, dos 78 mil milhões de euros, e o problema não se ultrapassa com remendos políticos que obriguem a que o que ficou estipulado na ajuda firmada acabe por não ser totalmente cumprido, por ausência de cumprimento da nossa parte.
Não é que a Troyka tenha solucionado em absoluto a grave situação económica, financeira e social do nosso País. Muito longe disso. Pois que, se não conseguirmos aproveitar aquilo que nos foi concedido e de que não havia forma de rejeitarmos ou discutirmos, posto que quem pede não põe condições, antes se sujeita às que lhes são propostas, então é que bem poderemos ir preparando a cova do enterro nacional, já que, por muito “desorgulhosos” que estejamos por terem sido de fora que apareceram as ordens para termos de melhor o nosso comportamento de alguma infantilidade, ao não ter aparecido da nossa parte outra solução teremos que apelar ao juízo e portarmo-nos bem até sairmos da posição de parque de menores em que andámos entretidos.
As propostas que tenho apresentado neste meu blogue e que considero serem providas de certa precaução e de bastante esforço de pensamento, assim como outras que apareçam por parte de quem deseje participar na reconstrução nacional, muitas delas poderão ter alguma utilidade. O que é preciso é que os que se colocam enraizados nas posições de dirigentes não se convençam que têm o exclusivo da razão e não aceitem as ideias de boa vontade que os compatriotas com mostras de preocupação apresentem. Porque os têm de haver, o essencial é que lhes dêem passagem e não teimem em manter o acesso reservado ao que consideram ser o seu exclusivo da capacidade.
Sem grandes esperanças de que, no molho de concorrentes ao Governo que se apresentam em 5 de Junho, existam pessoas com tal humildade, não deixo de encher o meu blogue de dúvidas, e, já que ninguém me paga para as ter, pelo menos uso-as para fazer pensar quem não se vai encolher na passiva posição de abstencionista. Que é o pior que pode suceder quando não somos levados pelas opiniões dos outros que nos rodeiam e sabe-se lá com que intenções e com que conhecimentos.
Mais do que nunca, os portugueses têm obrigação de exercer a responsabilidade de escolher. Mesmo (salvo seja) que mal. Devem pensar nas consequências que a soma dos votantes irá oferecer a Portugal. E isso para que, depois, não se queixem de que tudo ficou na mesma ou ainda pior. Não estamos numa altura em que, bem à portuguesa, “seja o que Deus quiser”.
O tempo que falta é já curto para os portugueses decidirem cada um por si. Que o utilizemos para pensar profundamente naquilo que considerarmos ser o ideal para a resolver a situação em que nos encontramos e para, por muito que nos desgoste ter de mudar de opinião, recordar o que ocorreu de mal e que não podemos, de forma alguma, suportar que se repita.
Dentro da maneira lusitana de sermos, em que não somos grandes apreciadores de estudarmos as matérias antes e só depois verificarmos as consequências, com o nosso clássico “valha-nos Deus”, o risco é que venha a ser ainda pior. É certo.
Mas não nos resta outra alternativa que não seja experimentar coisa diferente. Quem sabe se, desta vez, nos bate à porta a sorte e a caminho dos 900 anos de vivência como País – o mais antigo da Europa -, não nos caberá, no mínimo o respeito de todas as outra Nações que nos deveriam olhar com o respeito que, pelo menos a idade, nos deveria conceder.

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