quinta-feira, 5 de maio de 2011

JÁ COMEÇOU A GUERRA!




ERA INEVITÁVEL. Não sei se haveria muita gente que esperasse outra coisa que saísse da boca daquele Sócrates, quando as televisões anunciaram que o primeiro-ministro ainda em exercício falaria aos portugueses às 20,30 horas para lhes dar a conhecer o resultado das negociações com a Troyka que ainda se encontra em Portugal.
Como sempre sucede com quem não é pontual a não ser para participar nas corridas que constituem a sua única forma de não fazer batota quando está em competição, apareceu atrasado, o que também poderá ter constituído um aumento de ansiedade por parte dos compatriotas que se mantinham em expectativa para conhecer o que os esperava para o futuro.
E, mesmo na companhia de um carrancudo, também ainda ministro das Finanças, e que, pelo aspecto, confirmou que as relações com o seu chefe não andam nada agradáveis – esperemos que a situação se venha a esclarecer logo que esteja passado este período de interregno com o que vai passar-se depois das eleições -, o que foi ouvido da boca de quem nunca foi capaz de ser sincero em todo o período da sua chefia do Executivo foi uma lista de vantagens e de esperanças que a Troyka tinha deixado, graças, segundo ele, a ter acolhido e seguido o PEC 4 que, de harmonia com o seu grupo, constituiu a causa da crise governamental que abalou a nossa serena vida política.
Os que ainda mantinham alguma esperança de que, nesta fase em que se aproximam as eleições, já não se verificasse uma repetição de afirmações que não têm nada a ver com a realidade nacional, esses, que talvez não sejam tão poucos como se poderá imaginar, respiraram de alívio, particularmente perante a notícia de que os dois meses suplementares de ordenado que fazem parte das contas das famílias lusitanas se mantinham, pois que corria aceleradamente o aviso de que essa regalia iria ser das primeiras a cortar nos orçamentos nacionais.
E, para além desta forma de alívio que fez respirar fundo os muitos portugueses que até já tinham gasto por conta o tal subsídio de férias, mais uns tantos resultados que saíram das negociações com a Troyka, todas, aproveitou José Sócrates para propagar o seu PEC 4, comprovando que as Oposições se tinham comportado mal ao recusar aprová-lo no Parlamento.
Quer dizer: não se tratou de uma informação pública daquilo que vai passar a constituir um período largo de maior aperto, como será inevitável, e que uma actuação já desnecessária de repetir por parte do grupo que se manteve na governação no mandato e meio que colocou o País como ele se encontra, mas sim de um aproveitamento para antecipar o período eleitoral que está a aparecer.
Não vou aqui repetir as críticas que lhe foram feitas, com razão ou sem ela, por opositores políticos que se preparam para entrar na luta renhida que aí vem. Seria tempo perdido. Mas não escondo que cada vez aumentam mais as minhas dúvidas quanto ao que sairá da escolha dos portugueses quando forem chamados a depositar o seu voto nas urnas. Não me admirará nada se o partido que mantém à frente o seu secretário-geral Sócrates der luta renhida à pretensão do PSD em ocupar o lugar tão desejado de comandar os destinos de Portugal, e mesmo que não alcance o lugar cimeiro, provoque algum problema no capítulo de encontrar a fórmula ideal do conjunto de parceiros para formar maioria.
E, no caso do CDS, devido a uma actuação de Paulo Portas, que se tem de considerar como manhosa mas eficiente, também a competição poderá obrigar a alianças que não serão as mais eficazes na situação que surgir.
Por mais difícil que se apresente o futuro político nacional, com as dívidas enormes por liquidar e em que a Troyka nos concede um empréstimo que não vai chegar para fazer frente aos compromissos existentes, custa a acreditar que existam ambições para se ser primeiro ministro (como o Portas não esconde), tal é a vaidade que consegue comprometer os homens, dado que sabem que não sairá dos seus bolsos o que constituem os compromissos que serão assumidos.
Por agora vamos assistir – como já se está a verificar – às acusações que sairão em catadupa dos participantes vários que subirão aos palanques para darem mostras da sua importância e do valor das suas propostas. Nisso, por cá somos mestres. Mas o pior é que os momentos dolorosos a que estamos todos condenados, nós os dez milhões que não vamos beneficiar das regalias que são sempre destinadas aos que se sentam nos vários poderes, a nós ninguém consegue tirar os sacrifícios a que estamos condenados e haverá sempre os que continuam a dispor de carros e motoristas à porta e que, sacudindo a água do capote, se preocupam em acusar os outros de serem os culpados de cada situação.
A mim, já nada me provoca admiração. Assisto às propagandas que por aí tanto circulam como se vivêssemos numa feira em que os vendedores gritam a boa categoria dos seus produtos e o baixo preço que custam. Mas todos, o único que fazem é enganar a freguesia.

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