quinta-feira, 28 de abril de 2011

A FÉ CHEGA?




NÃO SE TRATA DE SÓ ANTEVER PROBLEMAS, mas por mais que se aspire descortinar um mínimo de ambiente de cordialidade entre os indivíduos que fazem parte do panorama político que nos rodeia, nem fechando os olhos e procurando apenas fixar a atenção nas notícias que dão ares de constituir áureas de felicidade, como seja, por exemplo, o tão falado próximo casamento real em Inglaterra, ainda que fazendo todos esses esforços não desaparece da visão deste nosso País o aspecto carregado das más notícias que se antevêem mais próximas ou a alguma distância. Concretamente no caso dos técnicos que fazem parte da chamada Troyka e que, não fazendo sequer caso dos feriados e pontes que os nossos apetites de descanso, não param de estudar a nossa triste situação económica e financeira, as previsões que se devem fazer no que respeita às medidas que poderão vir a ser tomadas com o objectivo de colocar as contas públicas nacionais em ordem não deveriam permitir que não tomássemos atenção séria ao que se perfila no que respeita ao apertar do cinto que cada vez apresenta menos furos parta serem utilizados. Mas não é isso que se nota, posto que as friazinhas das Páscoa que foram oferecidas como se tudo corresse às mil maravilhas não deixaram de encher as estradas de automóveis em passeio e de ocupar os lugares em tudo que foram hotéis.
Os portugueses, na verdade, não são um povo previdente e até ao lavar dos cestos continua sempre a ser vindima. E isso no que diz respeito aos cidadãos de uma geral, posto que aos níveis da governação e dos homens da política em geral nada é diferente.
As chamadas “bocas” não param de ser lançadas e aquela agora do dirigente socialista, mesmo que muito conhecido pela sua falta de habilidade em dizer coisas que valham a pena, de ter chamado “foleiro” ao Presidente da República, já nem causa admiração, pois vivemos numa época do vale tudo e de não se notar um mínimo de bom senso nas cabeças daqueles que deveriam mostrar um comportamento que servisse de exemplo à população.
E essa do Basílio Horta passar a figurar como cabeça de lista do PS, por Leiria, depois de ter sido fundador do CDS e de , em tempos passados, ter exercido as funções de ministro da Economia em que, por razões nunca explicadas, proibiu a importação de bacalhau e, durante meses, éramos obrigados a passar a fronteira com Espanha, para ali assistirmos, quer na Galiza quer na Extremadura castelhana, aos fieis amigos secos pendurados nas árvores nas estradas para que pudéssemos satisfazer as nessas necessidades – provavelmente já poucos se lembram dessa bizarria basiliana -, tal fenómeno que constitui outro mistério idêntico ao do tal bacalhau, é bem a demonstração de como andar confiantes no futuro que nos espera neste Portugal tão desprotegido dos favores divinos.
E isto para não falar no que já constitui uma quase certeza e que é o fim do 14.º mês, o subsídio de férias aos reformados, como medida de poupança que representa qualquer coisa como 1,6 mil milhões de euros, alguma coisa do muito que foi gasto pelos governantes esbanjadores a fazer auto-estradas que bem poderiam ter esperado por outras alturas e nas empresas público-privadas que serviram e ainda servem para dar bons empregos aos amigos, parentes e filiados partidários que, esses sim, não vão deixar de votar em quem lhes fez os favores.
Mas a preocupação maior, isto é, também grande, que me atormenta é o tentar antever a forma de entendimento que irão encontrar os dois protagonistas principais dos partidos que obterão as maiores fatias nas votações de 5 de Junho: José Sócrates e Passos Coelho. Será que porão de parte os azedumes e darão mostras de juízo? E se for o PSD a obter a maior percentagem de votos, portanto com direito a comandar o Executivo, o homem do PS aceitará o lugar que lhe for destinado na coligação governamental? E, no que respeita a Paulo Portas, o até agora apenas a espreitar os resultados, se depender do CDS, por pouco que sejam os votos necessários para atingir a soma mínima essencial, não surgirá aí a inesperada questão, pois por um se perde e por um se ganha?
Entretanto, mesmo que geograficamente tão longe, o grave é que estamos pendentes da Finlândia para saber se, sim ou não, vamos ser beneficiados com os dinheiros fartos que nos fazem falta para não cairmos na bancarrota.
Quantos feriados e pontes ainda estarão à vista no calendário para podermos ir gozando de papo para o ar como tem sido o nosso modo de vida desde que existimos como País? Manteremos os campos agrícolas a gozar do sol e os mares imensos à nossa frente a encher de brilho os nossos olhos?



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