sábado, 26 de março de 2011

OLHAR PARA DENTRO


E QUANDO UTILIZO esta frase quero mesmo expressar em pleno o seu significado: não desviar a atenção para outra coisa que não seja o nosso próprio interior e fechar os olhos e os ouvidos ao que nos pretende ser mostrado por tudo o que nos envolve. Quer o que se encontra mais cerca, no nosso País, como o que estará mais distante, por esse mundo fora.
É que o panorama de todos os lados que nos é oferecido não é de molde a provocar-nos o mínimo de satisfação e vontade em nos mantermos nesta situação por muito mais tempo. Salvaguardadas as excepções, que as há, pois sempre vai existindo, ainda que com cada vez maior raridade, gente que se sente feliz e não vou enunciar agora quem são os tais protegidos pelos benefícios que a vida lhes proporciona, eu sou dos que estão convictos de que a maioria da população do mundo não era a situação com que se defronta que teria desejado na altura em que teve capacidade para pensar e escolher o seu futuro..
Eu não me ponho a ler o que tenho escrito pela minha vida fora e, particularmente, este meu blogue diário com já algum tempo de vida, porque não sou dos que se exaltam com o que dizem e fazem. Também, as previsões pessimistas – segundo alguns – que tenho transmitido não são agradáveis de digerir. Mas, com enorme pena, chego constantemente à conclusão que parece que sou bruxo…
As notícias saídas hoje nas primeiras páginas dos jornais de que o “Estado só tem dinheiro para dois meses”, isso de já não se procurar esconder a realidade que não é de hoje, posto que se não tivessem sido os permanentes empréstimos externos a que Portugal tem recorrido (e que haverá que pagar um dia…) já há muito que os cofres públicos tinham mostrado os fundos vazios, essa realidade tinha que cair em cima das cabeças dos portugueses e as consequências inevitáveis da “casa onde não há pão, em que todos ralham e ninguém tem razão” acabariam por fazer despertar os que não se convenceram, a seu tempo, de que isso dos milagres já foi chão que deu uvas…
O Sócrates foi-se e, inconsciente como sempre foi e de que cuja característica não se livra, em lugar de se esconder em cova bem funda, para que ninguém se lembre mais dele, ainda ameaça com um regresso para participar em eleições que se perfilam no horizonte perto. Pode haver loucura maior e falta de noção das realidades mais incontrolável?
Eu, por mim, recuso-me a voltar a falar no fulano que contribuiu em elevadíssima escala para a situação de miséria que atingiu o nosso País. E se o Partido Socialista, que já mereceu respeito dos portugueses, não é capaz de entender que, enquanto proteger aquele político de quinta categoria só caminhará sobre terra incultivável, então ainda mais complicado será encontrar-se no acto eleitoral que se perfila um conjunto que dê o mínimo de esperanças de alterarmos o percurso que, erradamente, tem sido seguido. É que um coligação de que o PS faça parte, será útil, mas com a figura em causa a participar… isso é que não vai servir de solucção.
A mim enfastia-me acompanhar as múltiplas declarações que são proferiras aos microfones de todas as estações, em que os ataques sucessivos de uns e de outros, os desacordos de opiniões – que a Democracia facilita, mas que não deve ser abusada -, as ofensas, as convicções de que verdade só se encontra de um lado, e também as greves que, nesta altura em particular, só servem para aumentar ainda mais as dificuldades, tudo isso encaminha o nosso País para o desespero, para a falência irremediável, para um futuro, quer imediato quer à distância, que apavora os que aí estão e os que ainda virão.
Não temos, de facto, remédio. E o mundo também não se mostra com tendências para acalmar os seus comportamentos, sendo cada vez maiores os desencontros e os ataques, a que não falta o uso das armas, com as consequências daí resultantes.
Ao olhar, pois, para dentro de mim e sem responsabilidade sobre aquilo que sustento no meu íntimo (e nesta altura em que escrevo estou a escutar a repetição de uma afirmação de há dias do tal Sócrates, em que afirma que o seu único interesse é em salvar Portugal!... e não posso deixar de ficar enjoado), concluo que, quando várias semanas antes deixei aqui expresso que não conseguiríamos sair da queda, para que nos tinha o Governo empurrado, sem o auxílio de uma FMI qualquer, não recorri a qualquer cartomante. Era o que se impunha aceitar antes que fosse tarde demais.
E quando, ainda mais para trás, face às desavenças, mais abertas ou menos claras, que se observavam e nesta altura são cada vez mais agressivas por esse mundo fora, tomando consciência do numero elevadíssimo de habitantes do bloco terrestre que se aproxima dos 7 mil milhões de criaturas, tive o desplante de expressar a minha opinião de que a Terra não suporta o tão exagerado numero de concorrentes em todos os aspectos, como são os seres humanos, nessa altura em que alvitrei que só uma guerra mundial é que poderia pôr cobro a grande número de conflitos que o Homem suporta, caiu sobre este meu blogue uma chuva de protestos, pois que as realidades custam sempre a serem aceites.
Então o desemprego, que grassa por todo o Globo, não se veria diminuído, face à reconstrução que seria necessária perante as destruições que resultassem dos eventuais ataques atómicos que surgissem de várias origens e em inúmeras zonas?
É penoso, eu sei, ter de prever um espectáculo deste tipo. Mas eu já estou como os partidos portugueses que, entre eles, fazem perguntas sobre qual teria sido a solução para evitar a crise política que ocorreu. Perguntas fizeram-se, respostas… nenhumas.
Já que o ser humano foi “construído” com as características que se conhecem, em que a inveja, o “chega para lá” é o que domina a paixão dos que se movimentam no seu espaço, não há que ter esperanças de que se verificará uma mudança de comportamento de todos, sejam quais forem as raças, as religiões, os locais onde residam.
Por isso, já lá vão muitos anos, escrevi uma peça de teatro (ainda por representar, como muita obra literária e de pintura de que sou autor e que nunca chegou às mãos do público… pelo menos durante a minha vida), com o título “E A TERRA, INDIFERENTE… CONTINUA RODANDO”, que descreve o fim do mundo, ficando apenas duas personagens, chamadas Adam e Eve, a residir numa ilha deserta. Foi há mais de 50 anos e, nessa altura, tínhamos acabado de sair do grande conflito mundial. Foi, de facto, uma antevisão excessiva!
Pode ser que um dia, quando for, apareçam à luz esta e outras obras que tenho mantido resguardadas. Porque não tenho feitio para bater à porta de editores e de produtores teatrais. Se eu não gosto do que faço, por que hão-de ser os outros a apreciar?
Mantenho-me, por isso, a olhar para dentro… Não faz mala nem bem!

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