sexta-feira, 4 de março de 2011

MERKKELISMO SOCRATIANO


QUEM É QUE ESPERARIA que à chegada da viagem de Sócrates a Berlim, do encontro para que foi convocado para prestar contas à Chanceler alemã, as suas declarações públicas não fossem de optimismo, de apresentação de resultados satisfatórios aos portugueses, de completa euforia no que respeita à situação económica e financeira portuguesa que, segundo ele, não necessita de intervenções estrangeiras para que não se atinjam os objectivos previstos pelos “sábios” elementos do Governo nacional. E foi isso mesmo que sucedeu.
Quer dizer, não temos motivos, nós que atravessamos há tempo e agora ainda mais os efeitos de uma política de não previsão dos acontecimentos e que, sempre sobre a hora, quando não é atrasados das medidas que deveriam ter sido tomadas anteriormente, é que pomos as mãos na cabeça e apelamos ao nosso característico “desenrascanso” para, mal e porcamente, tentarmos salvar o que seja possível, repito que, perante esse panorama, não parece existirem razões que nos levem a exigir dos governantes que não andem por aí nas inaugurações de fantasias, todos ao molho e sem estarem nos seus lugares a serem úteis à causa nacional.
Claro que o socratismo não podia faltar e, depois da conversa (em que língua será?) com a política alemã Merkel, o panorama que nos é transmitido pelo “feliz” número um do Executivo lusitano é de que vamos continuar a não precisarmos de intervenções de fora das fronteiras, dado que as nossas contas estão perfeitamente em ordem e não faltará nada por cá para podermos liquidar as dívidas que crescem a cada dia que passa e em que os juros elevadíssimos não parecerá, a esses detentores dos cargos públicos, que pesarão de molde a causar-nos preocupações, sobretudo se, na hora de terem de ser liquidados, já serão outros portugueses os que apanharão com a carga, especialmente a juventude e até a criançada de hoje, que só lhe restará na altura devida partir para uma emigração o mais longe possível deste nosso rectângulo.
Por muito que agências de rating não se cansem de avisar que Portugal se encontra cada vez com menos tempo para poder resistir, pois que as dívidas do Estado, que começaram em Maio de 2010, já se encontram num plano tão elevado que o Eurogrupo irá ter de intervir drasticamente. Já é no próxima cimeira no dia 11 deste mês e depois, na reunião dos Chefes de Estado europeus que terá lugar em 24, que as contas serão apreciadas e aí não haverá forma de se fingir que tudo corre bem, surgindo, da nossa parte, o risco de se fecharem todas as portas com cortes de empréstimos. E, nesta altura, já andará José Sócrates a imaginar o que irá propagar aos portugueses para justificar os sorrisos que lhe saltam da boca e o ar de felicidade que tenta expandir. Oxalá me engane.
O último leilão de há dias de mil milhões de euros em bilhetes de tesouro e com a maturidade de seis e doze meses e em que o Estado pagou um juro superior à anterior emissão congénere, já isso dá uma ideia das operações que se podem suceder, ainda que se tratem de montantes cuja expressão não assusta. E quando a Senhora Merkel pediu a Sócrates para que fosse “mais longe” no aperto que tem de ser feito nas contas públicas, leia-se mais impostos e grandes cortes nas despesas, esse conselho tem enorme significado, pois representa uma advertência de que a Alemanha só ajudará depois de ver, da nossa parte, serem tomadas medidas adequadas â situação concreta que atravessamos e não é com conversas e com jantares amistosos que o problema fica resolvido.
Agora, a “cagança” de Sócrates de a firmar que “não precisamos de intervenções estrangeiras para solucionar a nossa situação”, sempre será interessante assistir à cara do optimista doentio na altura em que o FMI ou outro qualquer for chamado em derradeira causa.
Nem quero pensar nisso!

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