quinta-feira, 24 de março de 2011

INTERVALO NO DRAMA


FOI UM VERDADEIRO FARTUM o que ontem foi mostrado, através da televisão, com a Assembleia da República a evidenciar o que são os vários pontos de vista políticos que não coincidem nas soluções dos problemas que se apresentam. No ponto de vista do debate foi vasta a exposição, mas o País já não se compadece com queixas e com acusações. O que precisa é de encontrar o caminho que o desvie das constantes escorregadelas, políticas, económicas e sociais antes ocorridas e que, precisamente neste período concreto, não deixam margem para um recobro que o doente já aguenta mal.
Não importa relembrar agora as razões que cada uma das Oposições – e estas com motivos nem sempre comparáveis -, apresentaram para não votar favoravelmente o PEC 5 que o Governo, fora de prazos institucionais, teve de sujeitar ao veredicto do Parlamento. Já se esperava o resultado e o próprio José Sócrates, mostrando mesmo a sua falta de coragem para dar a cara às consequências, não aguentou manter-se presente no Hemiciclo e aproveitando a hora marcada, provavelmente de propósito, da sua entrevista com o Presidente da República, deixou o lugar vago na bancada do Governo. A história contará o sucedido.
Mas o momento é, de facto, de enorme preocupação. Acabado que está o “reinado” de Sócrates, pedida que foi a sua demissão ao Presidente da República, que podem esperar os portugueses do que vem aí a seguir? Nas circunstâncias em que se encontra Portugal, será que a Europa, por muito que tenha dado a impressão de que fazia muitos mimos ao primeiro ministro que era nítido estar de saída, vai dar mostras de que é capaz de dar a ajuda de que tanto necessitam os seus substitutos?
Não posso deixar de marcar posição no meu pouco feliz hábito de ter razão antes de tempo. Quando, tempos atrás, não fugi ao prognóstico no que respeita à vinda do FMI, se bem que por via do Fundo Europeu e ainda que não já amanhã, não era que fosse meu desejo essa chegada, mas havia que ser coerente e antever o que se tornava inevitável. E é isso que, inevitavelmente, irá suceder.
Agora, há que esperar pelas eleições que têm de decorrer entre 15 de Maio e 15 de Junho, data mais que garantida pelas circunstâncias, e em que os portugueses são obrigados a participar em grande número, posto que não se podem alhear da responsabilidade que lhes cabe na escolha. E, como Sócrates anunciou há dias, ele lá estará para discutir o lugar que pôs agora à disposição. Então veremos.
Foi pena que não tivesse sido apresentada ao País, por um acordo prévio dos partidos, pelos menos os que não se mostram muito radicais, uma possibilidade de ser constituído um Executivo de recurso proposto ao Presidente da República, de que fizessem parte membros do PS, PSD, CDS e até da própria Esquerda mais longínqua. Claro que a condição essencial seria a de que não fizesse parte desse Governo quem se encontrou sempre na berlinda, José Sócrates, mas, em qualquer dos casos, esta suposição, tenho de reconhecê-lo abertamente, não passa de uma fantasia que só seria viável num paraíso onde os seres humanos não participassem.
Claro que, da parte dos cidadãos portugueses, as exigências que o PEC transporta e que já foram negociadas em Bruxelas, sem autorização das instituições nacionais, essas serão aplicadas e resta ainda saber se o tão apetecido subsídio de férias ainda fará parte este ano do hábito português.
Fica-se agora à espera daquilo que Cavaco Silva virá dizer ao País, pois que não é de crer que se mantenha aquele mutismo que já enerva. Não é que as suas palavras acrescentem algo ao que já foi largamente proclamado pelos diferentes participantes no burburinho político que teve lugar hoje (ontem, parta quem me lê).
Ao fim de um dia que nem correu muito mal em Lisboa, a nível de Sol, a correr como sempre faço redijo este texto. Fica muita coisa para dizer, mas estarão fartos, creio, todos os que não se alheiam dos problemas do nosso País e já não suportam muita comentarice…

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