sexta-feira, 18 de março de 2011

FALASAR


JÁ NEM VALE A PENA escrever muito sobre o que se passa neste nosso País, pois as declarações que são feitas repetidamente, tanto pelos que se situam ainda na área da governação como os que, de fora, não se cansam de apontar erros, tudo isso já sobeja de ler e de ouvir, dado que o que interessa é que o estado a que isto chegou já não vai lá com conversas, escritas ou faladas.
Da parte do socratismo, enquanto ainda agoniza no seu lugar e não é corrido seja qual for a forma que possa ser utilizada, não se aguenta mais escutar que o fulano que nos colocou na situação degradante em que Portugal se encontra repete cansativamente que “fez o seu melhor” e que a culpa de tudo isto é daqueles que provocam a crise no seio lusistano que poderia ser bem evitada. Do lado dos opositores não se ouvem outras afirmações que não sejam as de apresentar todos os argumentos que difundem a ideia de que o grande culpado de tudo isto só tem um nome: José Sócrates.
Depois da substituição já indiscutível que ocorrerá do primeiro-ministro e do seu conjunto ministerial, os que tomarem posse vão passar os primeiros tempos a demonstrar os elementos de que passam a dispor e que demonstram a dificuldade (para não dizer impossibilidade) que encontram para poder desempenhar as suas funções que o resultado eleitoral lhes proporcionará e que, face a elas, são forçados a tornar ainda mais difícil a vida dos portugueses, pelo que, perante isso, o pedido de ajuda aos FMIs e outros terá de ser inevitável.
Este é o panorama, por esta ordem ou com outra, para que os portugueses têm de estar preparados para enfrentar e não vale a pena andarmos, uns e outros, a inventar discursatas que só fazem perder tempo, que é o que temos cada vez menos, pois que aquele que se desperdiçou desde há uns dez anos para trás acabou por nos colocar agora perante uma situação que não se compadece mais com ilusões e histórias para apontar os heróis e os vilões.
Claro que o TGV, a ponte nova sobre o Tejo e todas as fantasias que ainda continuam a ser, descaradamente, propagadas pelo actual Executivo, tudo isso será metido na gaveta, para não dizer que irá parar ao caixote do lixo. Mas, entretanto e enquanto o passo da substituição governamental não se der, dado que há que cumprir normas e prazos que, nesta conjuntura que se apresentam, será nessa altura que se tomará consciência do dramático problema que se acrescenta ao já existente. E como os empréstimos externos se reduzirão drasticamente, pois que a desconfiança dos credores, os actuais e os potenciais, fará com que se terá de encarar o enorme perigo de faltar o dinheiro nos cofres do Estado para enfrentar as despesas correntes e aí em todas as áreas de compromissos – os salários públicos, os pagamentos dos juros que caem todos os dias, as reformas, etc. – e será então que a população em geral se revoltará ainda mais perante o verdadeiro estado de “à rasquinha” que não será fácil solucionar.
E, em cada dia que vai passando, o que poderia parecer um mistério toda a embrulhada que resultou da apresentação de um PEC em Bruxelas, sem que por cá não se tivesse verificado um anúncio prévio e sem conhecimento sequer do Presidente da República, nesta altura está mais do que esclarecido: tratou-se de um golpe baixo de Sócrates para provocar que, no Parlamento, a não passagem do documento lhe desse motivo para apresentar a demissão, passando as culpas do facto aos adversários políticos que quererá apontar como os maus da fita!...
Está claramente escrito o nosso destino imediato. Da minha parte, há já bastante tempo que venho a prever um desfecho deste tipo ou de outro que tivesse as mesmas consequências. E aqueles que me acusaram de pessimismo que metam agora a mão na consciência e que tratem de arregaçar as mangas e de enfrentar o que aí vem. E torna-se forçoso dizer aos portugueses que só depende deles o poder, com os anos que isso levará, dar a volta ao panorama. Na agricultura, nas pescas, nas sus empresas e aqueles que trabalham por conta de outros, têm todos os portugueses que convencer-se de que lhes é imposto que deixem de passar o dia agarrados aos telefonemas não profissionais e, mesmo esses, sendo rápidos e práticos. Mas, para isso, os governantes de então, terão que ser os primeiros a dar o exemplo, deixando-se de falasar e não gastando nem um centavo que não seja rigorosamente necessário.
Se os portugueses, aqueles que ainda não estão reformados – cuja percentagem em idades, que não se aceita bem que já o sejam, é elevadíssima -, cumprirem correctamente as funções a que são obrigados essa ajuda servirá de alguma maneira para que a produção nacional se passe a aproximar da que se verifica nos restantes países europeus.
Porque dos políticos pouco há a esperar. Os que ainda não saíram, já se sabe, mas os que vierem não se conhece ainda se serão capazes…
E é esta a futurologia que se pode fazer.

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