terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

SOCIEDADE DE INCOMPETENTES


EU BEM SEI QUE este meu blogue me tem servido ultimamente para expulsar para fora de mim aquilo que mais me atormenta no que diz respeito à situação, cada vez mais dramática, que tem sido imposta a este nosso País e que não deixa grandes esperanças de podermos assistir, ainda nos nossos dias, a uma mudança, mesmo modesta que seja, que anime os portugueses a reaver aquilo a que alguns chamam de “orgulho” por ter nascido neste torrão. Mas, no fundo, fazendo jus àquilo que são os nossos hábitos e ao conformismo que temos enraizado e que sustenta uma certa esperança que vem desde o berço da nossa nacionalidade, apesar de ir apontando os erros indesculpáveis que os nossos “mandões” nos impõem – e revoltávamo-nos nós, eu incluído e com acção assumida, da actuação de Salazar como ditador, mas esse, ao menos, não gastava desalmadamente e não se abotoou com valores, nem perdia tempo com inaugurações constantes -, tendo como base tal vício de acreditar que o mal nem sempre dura, cá fui acreditando que algum “milagre” seria capaz de descer do santuário de Fátima e fazer aquilo que os nossos homens se têm mostrado incompetentes de realizar.
Mas nada dura toda a vida e, provavelmente porque o período que passei dias atrás num hospital me fez arrumar o pensamento, encontro-me agora entregue a uma descrença total e não posso continuar a sustentar alguma ponta de credibilidade quanto a não ter já tempo para assistir a um Portugal bem de pé e a ser respeitado, já não só pela sua História mas principalmente pelo seu comportamento neste período que merecia ser conduzido por gente que não nos envergonhasse.
Todos os dias e a todo o momento as notícias que chegam ao conhecimento dos cidadãos nacionais são, umas atrasa das outras, a demonstração de que, com excepção do ridículo Sócrates que, com aquele sorrisinho irritante anda sempre a proclamar “vitórias” nos feitos que inventa termos alcançado, o panorama real é confrangedor. Esta de que os salários dos polícias e dos guarda republicanos estarem em risco de, em breve, não serem pagos, constitui mais uma demonstração de como os dinheiros públicos são dispendidos à toa e de que o que é fundamental bem pode esperar, não pode deixar de produzir em todos nós uma revolta que, se isto se passasse na Líbia, no Egipto ou num desses países agora em polvorosa, já teria ocasionado um ajuntamento de portugueses a pedir a expulsão dos incompetentes de S. Bento. Mas, como é aqui que nos situamos, as coisas vão ocorrendo e só se protesta entre dentes, dado que o medo que vigorou durante a época ditadura, mesmo para aqueles que não a conheceram na pele se transmitiu por tradição.
O assistir-se à transmissão televisiva das viagens de montes de gente que babujam o primeiro-ministro e que, acompanhado agora por sete ministros foi inaugurar o início da construção da auto-estrada em Trás-os-Montes que, por muito justa que fosse esta iniciativa, o momento critico de falta de meios para outras iniciativas bem mais urgentes não aconselhava a que fosse levada a cabo, essa demonstração de irrealismo e, ao mesmo tempo, de propaganda como se tratasse de um período pré-eleitoral, tal forma ofensiva que José Sócrates encontra para querer convencer os portugueses que o seu Governo está activo, só pode levar a que, cada vez mais, ansiemos pelo dia em que, mesmo com os problemas políticos que isso representaria, ponhamos na rua tal figura de opereta.
È que, ao mesmo tempo que se fazem tais demonstrações de gabarolice governamental, surge a notícia triste e revoltante de que uma atleta portuguesa que foi campeã do mundo na modalidade de corta-mato, Albertina Dias, por se encontrar abandonada e sem forma de sustento, actua agora como mulher a dias e está obrigada a vender as medalhas olímpicas que conquistou para poder subsistir, agora que está viúva.
É desta maneira que o nosso País e aqueles que o governam tratam os seus naturais. Por um lado, movimentam-se em potentes e luxuosas viaturas e procedem a manifestações de vaidade, ao mesmo tempo que sustentam imensas empresas estatais, com ordenados principescos dos seus amigos e permitem que os bancos obtenham lucros escandalosos, e, por outro, deixam morrer à fome aqueles que, ao contrário deles, nunca prestigiaram o nome de Portugal.
Ai Sócrates, Sócrates! Quando é que poderemos assistir à tua partida, provavelmente para o mesmo sítio para onde irá viver o Khadafi e os outros que se têm eternizado nos poderes? Façam uma sociedade de incompetentes políticos e instalem-se bem longe das sociedades que os desejam ver pelas costas!...

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