terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DÍVIDAS


QUANDO SE ANDA a dizer que os nossos descendentes é que vão pagar a pesada factura que os governantes que temos tido deixam de herança, o que é, infelizmente, verdade, esquecemo-nos que nós, que estamos ainda vivos, já somos devedores a outrem e que não é apenas por se ter comprado casa com empréstimo bancário – o que não é o meu caso – ou adquirimos outros bens pela mesma via, como sucedeu a tantos com automóvel e bens caseiros, o que significa que, sem nos ter sido pedida autorização, os cavalheiros que se situam nos lugares de comando se encarregaram de nos pôr com o cobrador à porta, que é como quem diz, posto que nem é assim, dado que o pagamento é feito por vias que aparecem por diversas formas sub-reptícias, como seja, por exemplo, serem incluídas as verbas respectivas em facturações de electricidade e outras, de que não nos podemos escapar.
A notícia triste que apareceu é que Portugal já emitiu, este ano, uma dívida pública no valor de 8,25 mil milhões de euros e, feitas as contas, o financiamento do Estado equivale a dizer que cada português fica devedor de 778 euros. Isto, para além do que cada um tem por pagar das suas aquisições directas. E todos aqueles que se gabam de serem de boas contas, de que não devem nada a ninguém pois que apanhem lá com esta, pois que tanto cabe o adjectivo de devedor aos muito ricos como aos pobrezinhos que têm de recorrer à sopa das instituições da caridade.
E o mais caricato de tudo isto que tem a ver com dívidas que nos caem em cima é que o Governo não se preocupa sequer em dar contas que têm de ser prestadas no futuro, algum até será muito próximo, e que caíram nas nossas costas quando este Executivo já não se encontrar nas suas funções actuais, tendo cada um, desde o Primeiro José Sócrates, partido já para outros “paraísos”, sacudindo a água do capote, e que quem cá ficar que se aguente! Nem sequer sabemos que condições fazem partes dos contratos feitos com diversões países que já nos deitaram a mão, como a China, o Brasil, Angola e outros?
Será que, na hora da substituição do actual ministério de Sócrates, quem tomar o seu lugar vai exigir contas claras e não irá suceder como em tantos sítios no mundo em que, só depois da partida dos chefes máximos, fixando-se geralmente fora das fronteiras para não serem incomodados, é que aparecem todos os “podres” que foram ocultados durante as suas vigências?
Existe alguma garantia de que todo o sistema que se manteve e constituiu a protecção aos amigos do peito, chamem-se eles “boys” ou outra coisa qualquer, será desmantelado, por forma a que os encobrimentos que se têm verificado, ao longo dos tempos presentes e passados, não se mantenham em funções e não possam então criar os entraves conhecidos para que as verdades nuas e cruas surja até ao conhecimento publico?
Eu, por mim, já tenho a maior das dúvidas que se seja capaz de, uma vez por todas, mudar aquilo que constitui uma forma de actuar dos portugueses e que não desaparecerá assim de um dia para o outro.
Tenho aqui afirmado que todos nós temos um pouco de Sócrates e que, tal como a prática democrática para ser praticada com um mínimo de regras são necessárias várias gerações e é por isso que tenho insistido na necessidade de ser criada uma cadeira na classe primária do ensino que meta na cabeça das crianças essa prática de saber ouvir e de só exprimir a nossa opinião depois do parceiro ter terminado – coisa que nenhum dos políticos que há por aí é capaz de fazer!...
E com esta vos deixo por algum tempo. Oxalá não seja muito. É que vou ser sujeito a uma intervenção cirúrgica e não posso garantir que volte e quando.
Um abraço aos que seguem este blogue.

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