segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

NÁUSEA


NÃO TINHA QUE SER apenas Jean Paul Sartre a ter dado mostras da sua náusea em relação ao que o estava a enojar na altura em que se viu obrigado a escrever a obra que ficou para o futuro e que, ainda hoje, mesmo com o mundo a atravessar circunstâncias diferentes, se tem de aceitar que existam muitos cidadãos que o que mais pretendam será encontrarem-se fora do ambiente que os rodeia. No meu caso, não é apenas o que se passa dentro das nossas portas – e já chegava para um verdadeiro mal-estar - , mas também aquilo que ocorre por diferentes sítios da nossa Esfera terrestre e que, de dia para dia, se estendem por outras zonas, posto que os humanos, com distinção para os mais responsáveis, não conseguem contentar-se em fazer progredir as suas vidas e as dos seus semelhantes sem ter de invadir o bem-estar dos vizinhos, sobretudo se eles se situarem em países próximos.
O que ocorre neste momento na zona do Médio Oriente é bem a demonstração de que continua a existir quem, conseguindo colocar-se em posições pessoais de comando de povos, tirando largos proventos desses lugares, não aceitam ver chegado o momento apropriado para dar lugar a outros e, mesmo contra a vontade das maiorias, resguardando-se na protecção das forças que cobrem os seus actos e com o apoio dos outros seres que, sempre existindo, se regalam com as recompensas e os protegem e aplaudem, vão cumulando no exterior as riquezas que lhes entra nos bolsos e, com desumano finca-pé, utilizam todos os meios, sangrentos também, para não dar um passo em retirada.
Este o panorama que se contempla em muitas zonas que são alvo, nesta altura, da observação de todo o mundo que, mesmo retendo as fortunas que os líderes transferiram para o exterior dois seus países, assim mesmo não conseguem ir mais além, até porque o exemplo que Bush fez correr os E.U.A. em relação ao Iraque, não aconselha a que se vá mais longe do que os comentários de longe.
Por cá, actualmente a aguardar o que vai sair do encontro de Sócrates com a Senhora Merkel, que, já se sabe, à sua chegada a Lisboa servirá para mais um êxtase de vitória do homem que temos de aguentar no Governo português, e, como consequência, ou não, dessa conversa que obriga o nosso primeiro-ministro a cumprir a “ordem de chamada” que lhe foi feita, saber-se se o FMI sempre tem de vir actuar no nosso território ou se aguardar-se-á mais algum tempo, pois que estamos dependentes do que em Março a Europa decidir, enquanto isso a nossa economia afunda-se cada vez mais e é o próprio nosso ministro das Finanças que não esconde que as demoras só servem para que os juros da dívida se mantenham em crescendo, acima dos 7% a cinco e a dez anos, sendo que, de novo na próxima semana, se realizará mais uma emissão de títulos de tesouro à volta dos mil milhões de euros.
E, no capítulo da mudança do comando do Executivo, o PSD, mantendo a conversata que só serve para ir mostrando o seu pavor em pegar na “criancinha” que se em contra em situação de enorme debilidade e de que ninguém quer ficar com a responsabilidade de assistir aos seus últimos momentos, em lugar de avançar com armas e bagagens para mostrar aquilo que realmente vale - se é que vale -, o que o seu responsável principal, Passos Coelho, faz é largar conceitos. Mas fartos de intenções estamos todos nós. O que se impõe, com a maior urgência, é que alguém, na área da política, tenha a coragem de, com o mínimo de viabilidade de ser aceite pelo conjunto parlamentar, diga ao povo português aquilo que se propõe fazer e com que elementos físicos e humanos.
Na árvore do Governo, sequinha de adubo, o fruto podre de Sócrates encontra-se preso por uma réstia de fio. Basta arrancá-lo e deitá-lo para a estrumeira. E, com um tratamento competente, fazer revigorar a planta que, estremecendo de susto pelo que tem passado, se deixe conduzir para que volte, ainda que não se saiba o tempo que isso levará, primeiro a fazer nascer as folhas e depois, aproveitando bem o sol que é essencial, a dar mostras de que é capaz de produzir os frutos que justificam a sua existência. E o mercado que receberá essa produção poderá, então, compensar o que custou fazer renascer o que parecia morto e sem remédio.
Se conseguirmos esse feito, já não aparecerão embaixadores estrangeiros que surjam depois a dizer que Portugal “compra brinquedos caros e inúteis e tem muitos generais sentados”, rindo-se dos submarinos e dos carros de assalto que as “inteligências” políticas que temos por cá fazem gastar ao pobre erário público português. Agora, perante essa realidade, só temos de engolir em seco e de taparmos a cara de vergonha… mesmo que os culpados desses disparates voltem um dia a sentar-se numa cadeira da governação… como parece que, infelizmente, poderá suceder!

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