segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ANOMALIAS


POIS É. EU FUI UM DESSES!... Na altura das últimas eleições para a Presidência da República, munido do cartão de eleitor e do novo cartão de identidade, chegado que fui à mesa do voto recebi a informação que me teria que deslocar a um local para saber qual era o meu novo número e o local do voto. E aí deparei com uma fila de centenas de pessoas, algumas delas reclamando por se encontrarem ali há imenso tempo. Claro que desisti. E não votei. Logo, pertenço ao número daqueles que não contribuíram com a escolha, logo eu que, desde o primeiro momento em que a Democracia nos permitiu participar em tal acto, nunca tinha faltado a esse direito e até, na primeira acção depois do 25 de Abril, fiz parte de uma mesa no meu bairro.
Mas isso é só para poder ter mais alguma justificação para andar tão desconsolado com o que ocorre no nosso País e me dá alguma força para me servir deste blogue para expandir as minhas lamúrias de português revoltado…
Como nos podemos, pois, admirar de sermos naturais de um País onde morrem as pessoas velhas em casa, serem denunciadas as desconfianças de vizinhos e de parentes às autoridades várias e só passados anos é que se resolve forçar a porta para encontrar os corpos dos desaparecidos muito tempo antes? Isto só poderia acontecer aqui!...
E que nos espanta que tenhamos um primeiro-ministro que, face a todos os acontecimentos de descalabro que ocorrem na nossa Terra, persista doentiamente em discursar publicamente dando largas à sua opinião, de que tudo corre às mil maravilhas e que, em várias áreas, somos até os melhores do mundo?
É então de estranhar que um partido político, nem interessa saber se é de Esquerda ou de Direita… ou de nada, sendo minoritário e, portanto, não conseguindo impor as suas ideias através de qualquer voto, apresente uma moção de censura no Parlamento, até com data marcada, sabendo de antemão que não vai ser acompanhado em tal proposta e que, portanto, o seu gesto só serve para lançar fantasias e com isso desacreditar politicamente o País perante os observadores estrangeiros que, naturalmente, não entendem um gesto inútil de um grupo, ainda que mínimo, que parece andar a brincar no meio de uma situação tão séria como aquela que se travaessa?
Como, por outro lado, de que servem as andanças mercatórias e nas áreas agrícolas de um líder de um partido pequeno, que não tem conseguido subir na posição modesta que tem conseguido nas eleições que têm ocorrido, e que, verdade seja, embota tenha voz possante na Assembleia da República e apresente mesmo críticas directas a José Sócrates, falando sempre com o seu “eu digo”, “eu quero”, como tratando-se de um grupo partidário apenas formado por uma pessoa, o que se verifica é que o seu interesse prioritário é o de alcançar, a todo o custo, o regresso a fazer parte de um Governo que o chame, sabendo-se que unicamente o fará se necessitar do apoio do CDS para formar uma maioria, pelo que voltou a querer, a todo o custo, evidenciar a sua importância, propondo-se como repetidor da liderança do PP, o que conseguiu, demonstração esta de que não são os ideais políticos que interessam, mas apenas a promoção pessoal? Este caso aponta-se apenas como mais um fait-divers da nossa política.
Mas, afinal, não é só em Portugal que os políticos dão mostras de que o que lhes interessa acima de tudo é o seu próprio bem-estar e que resistem nos seu lugares muito para além do tempo que o bom senso e a vontade clara dos povos apontam como devendo ser a sua saída, pois que o que se passou no Egipto e se mostra querer repetir-se em Argélia e noutros países vizinhos do Médio Oriente, para não falar do caso de Berlusconi que, em Itália, não entendeu ainda que o seu comportamento civil não se adapta ao rigor que se impõe aos homens públicos, tudo isso para não referir várias outras situações por esse mundo fora que bem merecem o desprezo do resto do espaço terrestre, todos esses tristes exemplos deveriam servir, por outras razões mas também face ao descontentamento de uma enorme faixa de cidadãos portugueses que não necessitam de montar barracas numa praça lisboeta para provar que a manutenção de Sócrates à frente de um Governo não é desejada por um elevado número de gente do nosso País, mas afinal não são bastante convincentes para fazer acordar do seu sonho quem, pelos vistos, nem se perder umas eleições, se mostra convicto de que chegou a sua hora.
Mas não é, evidentemente, sem levar em conta a situação crítica em que se encontra Portugal, com as enormes dívidas que já nos sobrecarregam e as que serão ainda contraídas não se sabe durante quanto tempo, com uma produção que não chega para criar activos e que não se descobre quem seja capaz de apontar as condições para que ultrapassemos tal linha negativa, que pode um partido político qualquer, sem atender às circunstâncias gerais e sem apresentar primeiro um plano credível e factível, aparecer a derrubar o que, sendo mesmo muito mau, não pode ser posto na rua assim só porque apetece…
O que tem que se exigir é que terminem, antes disso, e de vez, os gastos inúteis que continuam a ser feitos pelo grupo socratiano e que acordem do sono profundo em que se encontram todos esses membros de um Executivo que, quando chegar a altura, têm de ser julgados severamente pelo mau trabalho que têm vindo a fazer, os que ainda lá estão e os que partiram entretanto.
Porque uma coisa tem de ser certa: não podem ser inocentados todos os que, ao redor do seu chefe Sócrates foram e continuam a ser os causadores do estado deplorável a que fizeram chegar o nosso País, por não terem sabido actuar a tempo. Eu, pelo menos, se ainda for vivo, não deixarei de participar, claro que com a escrita, nesse enumerado de maus comportamentos que têm de ficar bem gravados na memória e na má História deste País.

Sem comentários: