segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

OPTIMISTAS E PESSIMISTAS


NÃO FAÇO IDEIA se Medina Carreira, o que foi já ministro das Finanças de um Governo antigo depois da Revolução, e agora mantém um espaço de comentarista na SIC, dando conta da sua enorme adversidade no que respeita à conduta da governação actual, não sei se o meu blogue faz parte das suas consultas habituais de elementos para alimentar os temas que trata perante os telespectadores. Eu não me considero tão agressivo como ele não esconde, pois no meu fundo ainda conservo alguma esperança de que vai aparecer uma cabeça bem pensante que consiga pôr ponto final na falta d competência que tem sido exposta ao longo dos dois Executivos chefiados por Sócrates.
Mas o que me surpreende, por vezes, é que o mesmo Medina Carreira aponta erros que, neste meu trabalho diário, têm vindo a ser debatidos, muito embora haja que reconhecer que muitos dos disparates que têm feito parte da actuação do actual detentor do poder sejam tão visíveis que o mais natural é que não escapem à observação de quem não se encontra muito distraído da actuação política, económica e social deste País.
Por exemplo, quando se referiu o comentador em causa à necessidade de passarem algumas gerações de portugueses antes que mudemos a nossa forma de enfrentarmos os problemas, posto que se trata de comportamentos que se encontram enraizados nos nossos seres, isso mesmo já fez parte do que expressei, até mais de uma vez, tendo proposto a quem me quisesse ligar alguma importância, especialmente por parte do nosso Ministério da Educação, que fosse introduzida na Instrução Primária (como eu continuo a chamar-lhe) a aula de “Prática de Democracia”, que deveria assentar sobretudo na aprendizagem de saber ouvir e de não impor a nossa opinião como sendo a única válida, esperando pela vez que nos caiba para opinar, sem que isso represente um ataque ao parceiro com quem conversamos.
Para que essa prática passe a fazer parte do hábito português, o que não se verifica nem sequer nos políticos que nos enchem os ouvidos, serão necessárias pelo menos três gerações, havendo que esperar pela altura em que, os que ainda não nasceram, comecem a dar mostras de ser capazes de, com naturalidade, ter essa forma de convivência.
Eu bem me esforço para também me incluir no tão grande número de “democratas” que apareceram, em Portugal, mal ocorreu o 25 de Abril, mas sou forçado a reflectir sempre que dou comigo a trocar impressões com outro e verifico, mais vezes do que gostaria, de que estou longe de atingir essa perfeição e tal humildade.
É por esse motivo que, com a escrita, me atrevo a fazer propostas para que este Portugal mude de trajecto em muitas das suas actuações. E, modéstia aparte, tenho de reconhecer que, não sendo o ideal, pois que o importante é fazer e não apenas apontar vias, pois mesmo assim julgo que já será meio caminho andando.
Com este ano de 2011 a assustar toda a gente, que, pelo menos, se tire algum proveito deste tormento: que se passe a compreender que a cada um de nós cabe a tarefa de contribuir para que esta nossa Terra saia da situação difícil em que a meteram, aquele que é apontado como sendo o principal culpado, mas também cada português, sem distinção, fazendo com que a baixa produção, que é a principal causa do estado em que estamos, passe a ser uma das melhores de toda a Europa, para podermos competir com os parceiros que, por seu lado, fazem o mesmo em cada local onde se situam.
Não deixemos o nosso interior vazio de população, não percamos tempo com os telefonemas desnecessários nas hora do trabalho, que, em vez de horas extraordinárias, façamos no serviço o que nos compete, que paremos por agora com as greves, que não solucionam nenhum problema. Se usarmos o bom senso e não a nossa mania de só clamar pelos direitos, esquecendo os deveres, talvez este ano de 2011, em lugar de surgir assim tão malvado, possa representar a abertura de uma porta nova que nos conduza a tempos bem diferentes.
E, sendo assim, não teremos de ouvir mais o Medina Carreira que, com o seu pessimismo, alguma utilidade tem, por muito que nos custe dar-lhe razão.

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