quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

EMENDAR A MÃO


É BONITO PODERMOS ASSISTIR a uma emenda dos erros cometidos. E se isso é proveniente de um político e, por cima, sendo ele português, maior é o prazer que nos pode causar um gesto desse tipo. E eu não sei se a tomada de posição do Presidente da República acabado de reeleger, em que claudicou do seu vencimento naquela funções, ficando a receber apenas as suas duas reformas, de professor jubilado e de antigo funcionário do Banco de Portugal (o que perfaz o montante de cerca de dez mil euros) se deve a um acto de penitência por ter proclamado aquele triste e despropositado discurso, logo após saber da sua vitória na corrida para Belém, o qual foi objecto das mais justificadas críticas e, neste blogue, também eu me insurgi, no dia seguinte, a tão mais pensadas palavras, se isso se deve a um castigo proporcionado a si próprio ou se, não levando em conta o referido acto, em qualquer dos casos teria já na cabeça dar tal passo. Seja como for, os portugueses devem aplaudir o gesto e ficarem satisfeitos pelo voto ter caído na repetição do mandato. seu rendimento Agora, só resta aguardar pelo comportamento de Cavaco Silva em relação ao andamento das operações do Governo de Sócrates – ou do que se seguir -, sendo enorme a ânsia para que não se trate de uma repetição do que sucedeu durante os últimos cinco anos. Ou seja, dentro dos limites que a Constituição impõe, o que não se pode é assistir a um mutismo vindo de Belém, pois que, apesar dos essenciais entendimentos em privado com o chefe do Executivo, se não resultarem as opiniões do Supremo Magistrado e se estas forem objecto de um estudo apurado, a afirmação pública da sua opinião é obrigatória, por muito mau ambiente que cause entre os dois poderes.
Porque a recessão que espreita à porta de Portugal e por muito que o ainda José Sócrates afirme que anda tudo “às mil maravilhas”, a realidade é bem outra e hoje, no dia a dia, os portugueses sentem profundamente nos seus bolsos os efeitos de uma falta de perspectiva que o Governo manteve ao longo dos últimos anos, deixando que os portugueses se precavessem, não criando dívidas, sobretudo junto dos bancos tão solícitos em emprestar, as quais resultaram naquilo a que se assiste hoje: aos créditos ditos mal parados.
O caso do BPN, que se revela agora que já estava falido logo que foi criado, a situação dos submarinos que, embora tenha nascido num Governo anterior e o mau passo dado ficou a dever-se ao então ministro da Defesa, Paulo Portas, mas que a Justiça, que tem vindo a actuar de mal a pior e o poder executivo não encontra maneiras de meter tudo na ordem – do tipo doa a quem doer, pois que não existe outra maneira que seja capaz de solucionar um problema da gravidade deste, que se pode situar no primeiro plano das situações pesadíssimas do nosso País -, agora o caso Casa Pia que, tendo demorado anos sem fim, depara neste momento com uma situação que envergonha os não envergonhados intervenientes na referida área, todos, juízes, advogados, serviços dos tribunais, etc.,ao ponto de se levantar a grande dúvida nacional sobre a forma de comportamento da diferentes instituições que intervêm no apuramento das culpas, assim como a corrupção que está instalada em tudo que é sítio, a grande mas também a pequena, a das luvas que se dão aos fiscais de toda a ordem e que impedem que as leis sejam cumpridas pelos cidadãos, pois que está estabelecido que os cumpridores não conseguem nunca levar a direito os seus direitos, tudo isso é que deveria constituir a preocupação número um de todos os responsáveis, os maiores e os mais pequenos, os que se sentam em cadeirões e em salas bem mobiladas como aqueles que se encontram por detrás dos guichets, e tudo o mais que se encontra na base da situação que atravessamos neste nosso País, com enorme desemprego mas também com um número elevadíssimo de gente disponível que prefere manter-se a receber o subsídio de desemprego do que ir ocupar postos de trabalho, com essa grandiosa lista de situações que deveriam constituir a preocupação número um de todos, desde o Presidente da República, passando pelo sector do Estado e chegando aos cidadãos, claro que o gesto agora demonstrado por Cavaco Silva é digno de ser apreciado. Mas, se me perguntasse, eu diria que achava preferível que aumentassem o rendimento mensal do locatário de Belém assim como o de todos os elementos que têm responsabilidades no caminho que o nosso País leva, do que mantermo-nos a ter de ouvir os “jamais” sucessivos que nos chegam através das demonstrações de incompetência que, pelo menos para os que estão atentos, provoca uma enorme vontade de mudar de nacionalidade. E deixem-me repetir o que afirmo acima: é preferível termos membros do Governo e das instituições do Estado uma boa remuneração, mas que sejam indiscutivelmente competentes, tenham bom senso e sejam sérios, do que pagarmos vencimentos, por muito pequenos que sejam, a gentinha que anda por ali só a coçar o rabo pelos cadeirões, a assistir às inaugurações, a porem-se a jeito para as entrevistas e apara as fotografias e, quanto a resultados, são só disparates…

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