quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS ( 2)


ATÉ AO DIA DA ESCOLHA DO PRESIDENTE continuarei a focar este tema, pois que, ainda que a atenção dos portugueses ande ocupada com as preocupações que abundam no que diz respeito às condições de vida que todos nós sentimos, sempre se reveste de importância grande o analisar qual será o comportamento do homem que vier a ocupar a cadeira de Belém.
Se for o mesmo que vem de trás, Cavaco Silva, será natural que se mantenha a dúvida sobre se se vai tratar de uma repetição de maneira de actuar, ou seja quase nada interveniente em termos práticos, conformado com as limitações que são atribuídas ao PR e permitindo que se pratiquem barbaridades executivas sem uma palavra pública que mostre aos cidadãos que não se trata de um lugar de enfeite político, ainda que as consequências de uma intervenção mais eficaz corra o perigo da desestabilização. Mas sempre será preferível isso do que assistir-se ao afundamento do nosso País, como aconteceu ao longo do período que teve Sócrates como protagonista.
No caso, pouco provável, de assentar em Belém outro protagonista que tem andado a fazer a sua própria propaganda, infelizmente não apareceu uma personalidade que tivesse a capacidade de convencer que algo de novo surgiria com condições para fazer um trabalho que se adapte às circunstância que são as que vivemos neste época.
Falo de Manuel Alegre, por exemplo, dado ter a experiencia destas andanças e ter feito parte de uma posição adversa ao regime salazarista, ainda que a maior parte do tempo o retivesse na Argélia e, portanto, sem intervenção directa no confronto. Mas a demonstração que tem dado, nas intervenções públicas que são transmitidas, da falta de conhecimento das realidades actuais do mundo em que vivemos, também o ataque ineficaz que tem feito a Cavaco Silva, memo sendo este merecedor em certos aspectos, em lugar de ser portador de um discurso que mostre, de forma concreta, qual seria a sua actuação ao estar instalado no lugar que tanto pretende ocupar, tal posição não lhe terá trazido possibilidade de conquistar votos. No caso de se manter o Partido Socialista no poder ou se for outro o grupo político que possa substituir o que ocupa esse lugar, em nenhum dos casos a linguagem de Alegre não me deu a ideia que tenha sido bastante para vir a ser preferido e, provavelmente, nem chegará para que se realize uma segunda volta. E isto digo eu que, por conhecimento antigo do poeta, bem me agradaria que ele tivesse condições para atingir o lugar por que se encontra a bater, mas seria fundamental que mudasse de discurso e usasse a sua boa voz para fazer chegar até aos portugueses casos realistas e explicações concretas da maneira de fugirmos a sete pés da aflição em que nos encontrarmos e de que não há quem diga até que ano, lá muito para diante, os nossos descendentes terão de aguentar. Mas fico-me pelo desejo, posto que as realidades são bem mais duras do que aquilo que gostaríamos de ter.
Quanto aos restantes, a pouca esperança que se vê existir em poderem atingir o primeiro lugar na escala das hipóteses, julgo não ser necessário fazerem-se grandes conjecturas. Há que ser realista e, por muito que possa custar a alguns que têm mantido o desejo de ser outro o panorama, não será desta vez que alcançarão tal propósito.
Mas há que ir votar. E isso para que não venham depois aqueles que não passaram a barreira, sejam eles quais forem, a querer convencer os portugueses de que as abstenções ficaram cheias de intenções de voto nos seus nomes.
Depois disso, perante os resultados, o que nos resta a todos nós é aguardar pelo que virá a seguir. Ou seja, verificar se o Governo que temos se mantém ou se as circunstâncias apontarão para uma alteração profunda do panorama político, que se espera e bem se necessita que conduza Portugal na direcção adequada ao viver melhor, saindo da mediocridade em que temos estado metidos.
Mas eu, neste blogue, vou acrescentando, até ao dia das eleições, aquilo que julgo ser uma opinião fundamentada em anos de vida e de profissão que sempre exerci de um jornalismo que, na época em que a comecei, exigia o cumprimento de regras e, como havia que fugir à garra da censura, obrigava a um estudo profundo da situação política e que, com a transição pós 25 de Abril, que também me apanhou em plena actividade, mais capacidade teve de existir de estar atento à evolução que se operava e de acompanhar a comparação do nosso sistema com o dos outros países democráticos que nos rodeiam por esse mundo fora.
Ninguém me convenceu ainda de que a experiência dos que vêm do regime anterior e continuaram a funcionar na situação nova, essa transição não serviu para nada e que os profissionais do jornalismo que só contactaram com o depois, esses podem emitir opiniões abalizadas servindo-se apenas dos conhecimentos históricos do que foi a época deixada para trás.
Estas eleições, assim como a situação que se vive na época actual têm de provocar maior angústia a quem não deseja, nem por sombras, que se repita o que se passou em Portugal, porque a conheceu, do que aos que só têm uma ideia contada do que foi.
Mas isso é pouco aceite agora.

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