sábado, 1 de janeiro de 2011

ELE QUE VENHA, NÓS CÁ ESTAMOS!


CHEGÁMOS! E bem podem todos (ou quase todos) os portugueses colocar o pé direito à frente, iludindo-se com esse gesto de prevenção de que os livrará daquilo que está prognosticado a um povo para o ano de 2011, pelo que essa entrada, logo que ocorra o primeiro segundo depois da meia-noite, talvez diminua ao maus acontecimentos esperados.
O annus horribilis que se apresenta e que não há forma de disfarçar para fingir que passamos por cima dele e que os maus acontecimentos não nos vão atingir, esse desejo não nos vai ser proporcionado por esses senhores que estão instalados na governação e que não conseguem convencer-nos que somos nós todos que nos deixámos envolver pelo pessimismo e que não existem razões assim tão negras que façam com que o mau humor nos atinja mais ainda do que é normal na tristeza nacional que nos distingue dos vizinhos espanhóis que, em qualquer circunstância, sempre aparentam que a vida lhes corre às mil maravilhas… o que não é o caso neste período.
Mas falemos de nós. E encaremos os aumentos que vão verificar-se em produtos mesmo de primeira necessidade, como o pão, às consequências da subida do IVA e com o IRS a mostrar-nos que o Fisco aí está a não deixar que fujamos ao que nos cabe ter de pagar… só pelo facto de somos portugueses, isto é, de ganharmos pouco e de pagarmos tanto ou mais do que sucede com outros povos da Europa, desse Continente que, por sinal, também não está a constituir um conjunto de países que assume a preocupação de prestar uma ajuda mútua, especialmente dos mais folgados aos que se encontram perante graves dificuldades, como é o nosso caso.
Em resumo: O ano de 2010, um número que até se pode considerar bonito de contemplar escrito, vai ficar na História como tratando-se de algo que marcará como sendo um período em que a maior parte do mundo não quererá recordar. É certo que as excepções surgem onde menos se esperaria que tal se passasse, a China, por exemplo, está a gozar o resultado de uma actuação política e económica que, não tendo sido nada agradável de suportar e que os chineses procuram agora deitar para trás das costas, até porque não desapareceu por completo a sombra da ditadura que marcou uma época, aparece perante países que gozaram de reputação de serem exemplares até a comprar as suas dívidas, e o Brasil, a índia e mesmo o Japão consegue, passar em redor da chamada crise, mas esse não é o procedimento comum e Portugal, que não pode gabar-se de, ao longo da sua existência, ter tido mais períodos de felicidade do que o contrário, encontra-se na posição de não estar tranquilo e de dar ares amarelentos de verdadeiro receio.
Como a esperança, apesar de todas as provas que nos foram dadas, é algo que os lusitanos não abandonam de todo, ainda que a desconfiança em relação aos que governam este País seja difícil de afastar, por esse motivo ainda se mantém em muitas famílias a expectativa de que alguma luz entre na cabeça de José Sócrates e, dado que ele permanece no posto até à altura em que saia (como diria La Palisse), consiga descobrir alguma receita inesperada que faça dar uma volta ao sombrio do panorama que se apresenta.
Que poderia eu, neste começo de um novo ano, escrever neste blogue diferente do que o que dará uns ares de menos pessimismo?
O que vier logo se vê e como não estamos, muitos de nós, em idade para fugir para outras paragens, aguentemos firme, que é como quem diz, com os abanões que nos forem provocados!

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