quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

TODOS SABEM QUE EU!...


OS PORTUGUESES SABEM!, esta a frase que se ouve sucessivamente sair das bocas dos políticos, de que não se excluem nem o Presidente da República nem o Primeiro-Ministro, sendo até estas figuras que mais mostram estar convencidos de que a Nação anda muito atenta ao que eles são e ao que eles fazem e dizem. E até o que foram.
Será uma forma de convencer a população de que se tratam de livros abertos, e que todos os nossos compatriotas, sejam eles quem forem, situem-se e vivam nos ambientes mais citadinos ou tenham as suas vidas nos interiores do nosso rectângulo, TODOS SABEM o que ocorre com as personalidades em questão e nem têm mais que fazer que não seja seguir, a par e passo, as suas actuações.
Estou mesmo a ver os dez milhões de portugueses, as senhoras Marias e os senhores Maneis, a maior percentagem de população que vive por cá, toda essa gente a estar ao corrente e muito interessada em conhecer os pormenores e as formas de ser de tais figuras públicas. Dessas e das outras.
Mas a verdade é que, pela forma sistemática com que fazem tal afirmação, ou estarão convencidos de tal posição ou apenas utilizam a frase para fazerem ressaltar o seu ego, o que, em ambos os casos, se trata de uma demonstração dos mesmos de falta de humildade e de pouco acerto com o grau de cultura que terão, posto que se trata, na sua maioria, de gente que terá passado pelo ensino superior.
O discurso de Natal de José Sócrates, que já deu para vários comentário, sobretudo de crítica ao conteúdo do texto lido pelo autor, no que me diz respeito nem pretendo acrescentar mais ao que foi divulgado. Não era de esperar outro tipo de afirmações por parte de uma pessoa que só atende aos seus próprios pensamentos e opiniões, visto que considera todos os que alimentam pontos de vista diferentes, sejam eles até muitos, como gente não merecedora de consideração e de ser minimamente atendida.
“Os portugueses sabem!”, isso sim, que o principal responsável pelo estado deplorável a que chegou o nosso País é a referida personagem que anda sempre a afirmar que isto nem vai mal, que temos solução à vista, que devemos ser optimistas e colaborar… não se sabe bem em quê!
Por outro lado, Cavaco Silva, que deveria ter o maior cuidado com as palavras que profere, ao ter declarado que, “para ser mais honesto do que ele será preciso nascer duas vezes!”, fez uma triste figura. Não é a frase mais apropriada para ser proferida por uma personalidade com as funções de Chefe de Estado. Isso talvez se diga nas discussões de pátio. Quando brigam, de janela para janela, as vizinhas que se insultam por a roupa ter deixado cair pingos na que está por baixo, é possível que estes argumentos surjam para atacar aqueles de quem não gostam. Mas um Presidente? Um homem que só deverá utilizar um vocabulário adequado ao lugar que ocupa, descer tão baixo na linguagem e só lhe faltando colocar a mão na anca para dar mais ênfase ao desafio que lança, isso é que não se pode suportar. Bem nos basta recordar uma das suas afirmações que fez tempos atrás, quando garantiu que “não se enganava e nunca tinha dúvidas”, coisa que a mim, que me engano muitas vezes e ando sempre com dúvidas, me faz a maior das confusões!
Tratando-se também de um candidato a nova ocupação do posto, maior espanto tem de causar a linguagem seguida. Mas temo-nos de nos conformar. Perante o espectro do ano de 2011 que está à vista, face ao que nos foi proporcionado pelos governantes que têm tido nas mãos o destino de Portugal, perante as oposições que não são capazes, igualmente, de fazer o seu serviço e que é o de apresentar concretamente soluções e não apenas o dizer mal, contemplando igualmente a confusão que tem de nos invadir quando se toma conhecimento por exemplo de que, não obstante a crise que se atravessa, o Reveillon que aí vem dá mostras de que, na noite dos festejos, existem vários hotéis de luxo que têm as lotações esgotadas, ao contemplar todo este panorama, que nos pode fazer admirar o que dizem as figuras de topo deste cantinho, o nosso que parece estar condenado ao sacrifício?
Se até o Município lisboeta anuncia que vai haver fogo de artifício no Tejo e que para isso gastou só metade do custo de outros anos, “apenas” 250 mil euros, para quê inquietarmo-nos com a situação que se vive?
Os portugueses “sabem bem” que não é caso para preocupações. O que vier logo se vê!...

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