quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

IBÉRIA

Oh! Meu País como gostaria de te ver
diferente
não impotente
mas a querer
dar a volta por cima
e com o desejo de quem afirma
que os séculos passados
não foram deixados
em vão
com a sensação
de que não vale a pena lutar
porque é preciso ir à guerra
e não capitular
pois afinal o que temos é só a nossa terra
e aqueles que a foram definhando
antes da Revolução e depois andando
sempre a julgar que somos
o que não somos
fingindo primeiro de ricos
e depois feitos em fanicos
esses que terão a culpa
não têm desculpa
mas também não pagarão
neste País de perdão.
Olhar para trás nesta fase
apontar culpados já nem vale a pena
é como largar uma frase
de outra peça, de outra cena
já não entra no enredo
já não resolve o problema
o que é preciso é não ter medo
de encarar de frente
bem de frente a situação
e ver que um País doente
só tem uma salvação:
que todos os portugueses se juntem
e puxem para o mesmo lado
e, neste caso, não perguntem
se há tempo para arrazoado
arregaçando bem as mangas
deixando de lado queixas
esquecendo todas as deixas
para produzir, produzir
sem olhar a sacrifícios
para pensar no porvir
usando todos os artifícios
que o engenho e a arte proporcionarem
e que o bom senso e o suor puserem à disposição
ou mais vale abandonarem
o que ainda estará na mão
embarcando não para descobrir novos mundos
mas para fugir do triste destino
que nos ameaça lá nos fundos
e procurando outro figurino
bem diferente, bem melhor
com políticos corajosos e competentes
realistas, actuando com primor
e que estejam cientes
de que os países só se podem governar
com coragem e determinação
e que não é possível amodernar
a nossa nação
sem honradez e sem patriotismo
sem valentia e sem desprendimento
não querendo cair no populismo
nem tão pouco deixar-se abater pelo desalento.

Oh! Meu País, como gostaria de te ver
entregue a outra gente
para poder crer
que havia ainda semente
capaz de fazer florir
a flor murcha que por aí ainda exista
e poder sorrir
com espírito altruísta,
sonhador é certo
e com esperança, que é a última a perder
mas mesmo não estando perto
a volta a dar a isto e entender
que mais vale tarde do que jamais
e ou nos salvamos todos
homens e animais
ou voltamos ao tempo dos visigodos
e encaramos a geografia
sem pensar em miséria
e por muito que provoque azia
encorparmo-nos numa Ibéria.

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