domingo, 14 de novembro de 2010

PORTUGAL DOS PQUENINOS


JÁ NÃO NOS CHEGA preocuparmo-nos com a luta que temos de enfrentar com a situação actual do nosso País e o pensarmos o que vai ser o próximo ano de 2011, que vai oferecer perspectivas ainda mais terríveis, bastantes delas ainda só imagináveis, como ainda por cima tem de pairar no nosso consciente o futuro que espera as gerações vindouras, pois é a elas que vai caber ter de pagar as dívidas monstruosas que têm sido feitas pelos actuais governantes. Tudo isso é e será o quadro de pinturas agrestes que se tem vindo a criar neste nosso País e que, por muito que ainda existam portugueses – cada vez menos, é verdade – que sustentem uma esperança vã de que não será tanto assim, que alguns “milagres” protegerão os lusitanos, os que ainda viverem e os que surgirem já em plena catástrofe do depois, têm de aceitar que é nossa obrigação hoje precaver, na medida do possível, o que parece ser inevitável. E que não escondamos as realidades com continhos de fadas que nem mesmo as crianças aceitam.
Mas, se nos referimos agora às gerações do amanhã, vale a pena também pararmos um pouco e observar como se encontra a juventude de hoje. E, para tanto, chega que assistamos a certos concursos que ocorrem nas televisões e em que são feitas perguntas, consideradas de cultura geral – se bem que, muitas delas não tenham nada a ver com os conhecimentos úteis dos cidadãos comuns – e em que a ignorância aflitiva dos participantes de jovem idade mostra claramente o baixo grau de conhecimentos que, os ainda frequentadores da classe primária (insisto em chamar assim e não classificar de primeiro ao quarto ano) e mesmo os que já se encontram na frequência dos liceus (também chamo assim, porque não vejo motivo útil para alterar a nomenclatura), nem se preocupam em esconder e essa falta de aprendizagem representa a nula confiança que se pode depositar em tais homens de amanhã, pois não é só a nossa História, nas mais elementares passagens da sua riqueza, mais antiga e mais recente, que escapa à sabedoria dos de idade própria para terem ainda fresca tal matéria, mas é na língua portuguesa, que se verifica estar a perder, a olhos vistos, a prática que os maiores foram obrigados, e ainda bem, a acumular na sua bagagem intelectual. Segundo um semanário divulgou esta semana, alunos do 2.º ano secundário não conseguiram colocar por ordem alfabética uma lista de nove palavras começadas por “m”!... E essa experiência ocorreu no meio de umas tantas outras que pretendiam avaliar o grau de conhecimento de uma classe formada por alunos de idades entre os 12 e os 14 anos. É assustador!
Sendo assim, para quê andarmo-nos a preocupar com a situação de Portugal na área da política, da economia, das finanças e das incompatibilidades que se verificam entre os chamados “grandes” de idade que, nesta altura têm nas mãos o dever de levar o nosso País pelo menos mau caminho possível, por forma a deixarmos um rectângulo à beira-mar plantado que venha a ser melhor tratado no futuro do que ele tem sido ao longo dos nossos dias?
Os que vierem que tratem deles. Que sejam capazes de dar a volta e de solucionar os problemas que lhes são deixados e os que provavelmente eles também criarem. O tradicional encolher de ombros poderá ser a forma cómoda de se encarar o problema.
O pior para todos nós, os que fizemos todos os esforços para que a nossa lusofonia fosse mantida e até enriquecida, pois que essa fortuna era a única que nos restava e que, tendo-a recebido de Camões e de Pessoa, entre bastantes outros também merecedores do nosso maior respeito, todos nós, que sempre temos querido conservar tamanha ventura, presumimos que já não é apenas uma Nação que se vai debater no fogo da devastação que este século XXI nos trouxe e que não conseguimos ultrapassar. É bem triste chegarmos a esta conclusão.
Que importa, pois, que um ministro dos Negócios Estrangeiros tenha vindo agora dar mostras daquilo que seguramente outros seus colegas gostariam de acompanhar: o de que a fidelidade ao seu primeiro Sócrates se está a diluir. Tudo, a pouco e pouco, se encontra a ruir, e, no meio de tudo isto, sem que ninguém com alguma audiência tenha dado mostras da inutilidade em se realizarem quaisquer tipos de manifestações e menos ainda a anunciada, claro que por Carvalho da Silva, greve geral que, no dia 24, fará paralisar mais do que já está, há muito tempo, toda a produção nacional.
Eu, por mim, sento-me a observar. E choro para dentro. Porque, com todas as discursatas que vão desde o Presidente da República até às figuras que se crêem ser as mais bem pensantes de Portugal, recomendando – e só isso, sem dizer como – que a nossa produção tem de aumentar substancialmente, perante tudo isso e com as greves e manifestações estéreis que se produzam eu entendo que, na ausência do bom senso, só me resta ficar quieto e mudo. Porque ninguém se mostra disponível e assume a coragem para dizer que não é parando que se resolve qualquer problema
Esperem pelo tal Fundo Internacional e logo verão a primeira coisa que eles vão impor: a anulação das tais justas causas para despedir, na perspectiva de que a liberdade de admitir e de dispensar talvez diminua o malvado desemprego, que isso é uma praga que não se cura com paninhos quentes. E, por muito que arvorem bandeiras com frases cabalísticas, essa acumulação de gritos deixa tudo que está mal a continuar assim… ou ainda pior.
Contra mim falo. Eu que sempre lutei, ao longo da minha vida, pela legislação que criasse condições cómodas para que os chamados trabalhadores tivessem as garantias de “um emprego para toda a vida”, acabo agora, nesta altura, de ver como andei enganado… E repito o que tenho escrito neste meu blogue: acabem com as horas obrigatória de abrir e fechar estabelecimentos. Mantendo os horários de trabalho, sim, mas dando liberdade total a que cada responsável pela sua loja a tenha aberta sempre que queira, seja pequena ou trate-se de um grande complexo. E as obrigações de regras que as fiscalizações municipais impõem aos estabelecimentos, essas sejam suspensas durante este período difícil, de molde a dar incentivos à criação de iniciativas e porem de parte as burocracias que tanto deleitam os que se encontram por detrás dos guichets públicos e a todos os níveis.
Se não se der uma mudança substancial nos nossos procedimentos, de um lado e do outro dos balcões e das secretárias, uma verdadeira revolução de costumes, daqui a uns tantos anos, outros nacionais de então e, provavelmente até com outra língua, será outra coisa que aqui estará implantada. Mas Portugal de portugueses… isso será muito difícil!...

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