domingo, 28 de novembro de 2010

PASSOS COELHO


JÁ PODEMOS ANDAR descansados. Pedro Passos Coelho, em entrevista divulgada, afirmou “estar preparado para tudo”. Disse a entrevistadora que o líder do PSD mostrou serenidade e um estilo fleumático. E deixou escapar a afirmação de que não quer apenas governar, quer mudar Portugal”.
Perante a possibilidade quase certa de poder vir a exercer as funções de primeiro-ministro do nosso País, o que os portugueses não desejam, nem por sombras, é que surja como seu substituto um político que se apresente com as certezas que nos foram impingidas nos últimos anos e que, não sendo capaz de ouvir as opiniões dos outros, se convença que o caminho que pretende seguir não oferece dúvidas.
Deixo este aviso porque, depois de tanta “ciência” propagada pelo próprio Sócrates e por bastantes dos seus sequazes, o que temos de andar é de pé atrás e desconfiar de todas as intenções, por mais sinceras que elas pretenda ser, o que não pode ser levado a mal por nenhum dos proponentes que surjam para os lugares que impõem, no mínimo, competência e honorabilidade nos actos que forem da sua autoria.
Por agora, e à distância ainda de uma mudança que ocorra no panorama político nacional, todas as dúvidas dos portugueses são justificadas. Gato escaldado de água fria tem medo, diz o povo na sua sabedoria. Que o homem que venha a ocupar – e ainda falta um certo tempo e até lá muita coisa vai ainda ocorrer – o posto de chefe do Governo faça um trabalho de casa profundo, não só no capítulo de não cometer mais erros do que os que foram largamente praticados mas também vindo munido de uma certa humildade, dado que as opiniões que se podem sempre colher não diminuem os que têm de tomar atitudes importantes e o aparecer depois publicamente a dar conta do erro praticado não representa nada que diminua a personalidade do homem. Antes pelo contrário.
Sabermos que Passos Coelho não teme que o FMI venha interferir na governação portuguesa representa que, na sua ideia, não ficará admirado se formos forçados a ter de aceitar a sua participação. E essa preparação para o que poderá ser o inevitável já ajudará o seu trabalho.
Não sei se a escolha que eventualmente os portugueses farão na altura das eleições legislativas, no caso de Passos Coelho, será a ideal. Mas numa coisa poderemos nós, habitantes deste País, ficar convencidos: é que, por muito errada que seja a votação, pior do que aquilo que temos vindo a suportar não será seguramente.
Isto digo eu que, durante bastante tempo, sobretudo durante o período inicial da sua governação, mantive uma certa esperança na acção socratiana. Parecia-me ser um político possuidor de convicções, mas não de teimosias, o que não é a mesma coisa. Mas enganei-me. E não terei sido só eu.
E já agora, antes de pôr o ponto final neste texto de esperança e de dúvida, tendo tomado conhecimento de uma notícia que se refere a que o Governo se está a preparar para mudar as leis do trabalho, não sabendo em pormenor de que constará essa decisão, só me detenho para lembrar os que seguem o meu blogue diário, de que, há algumas semanas atrás, não vou agora verificar a data exacta, me referi-me a este passo que, sendo doloroso e que comporta alguns perigos, representa uma medida que, tendo as limitações que a decisão comporta, poderá dar alguma ajuda para diminuir o estrondos número de desempregados que existem em Portugal.
Retirar aos empresários o medo de admitir novos funcionários nas suas empresas, sem correrem o perigo de não os poderem dispensar se as circunstâncias levarem a uma redução posterior, e não só isso como também conceder aos empregadores um subsídio, durante um certo tempo, equivalente ao que o Estado suportava na fase de desemprego, estas medidas, se forem bem pensadas, terão condições para obter resultados positivos no panorama da falta de trabalho que se verifica entre nós.
E é isto aquilo que eu chamo uma governação oportuna. Aquela que tem faltado.

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