quinta-feira, 25 de novembro de 2010

OU GREVE OU TRABALHO...


COM TANTA COISA POR FAZER neste País, com o trabalho que depende da vontade dos homens e que necessita do mesmo tempo para ser completamente executado como aquele que tem de se aguardar para colocar Portugal em ordem com as suas contas públicas em dia, o que a nós portugueses nos resta é, pois, deixa passar as folhas do calendário para podermos vir a ter uma vaga esperança de que, finalmente, o juízo nos chegue e alcancemos, pelo menos, a média da produção dos melhores estados europeus.
Tenho sempre este costume de iniciar os textos com um preâmbulo que, em meu entender, prepara os leitores para o assunto que vai ser tratado. E, desta vez, como o tema é o da greve que ocorreu ontem e prejudicou tanta gente, não me ocorreu outro assunto que o de recordar o que está por fazer neste Portugal.
Pelo que se ouviu nas reportagens transmitidas pelas televisões, muitos pequenos comerciantes queixaram-se da falta de clientes que acorreram aos seus estabelecimentos, pois que até nos quiosques de jornais se verificou uma baixa considerável de vendas, para além de terem sido ouvidas várias opiniões de rua de gente que se mostrou contrária à paralisação organizada pelas duas centrais sindicais.
A par disso, pode ler-se claramente numa reportagem saída num matutino que afirma que, só em Lisboa, existem mais de mil prédios que se encontram em condições de, mais dia amenos dia, se despedaçarem nas ruas onde se encontram. Isso, quando já na véspera, em plena avenida 5 de Outubro, um edifício inteiro descambou e todos os residentes tiveram de sair apressadamente, apenas com tempo para salvar os seus pertences mais urgentes.
São estas, de igual modo que em muitas outras situações, que nos fazem interrogar o que estão a fazer os responsáveis dos diferentes sectores de decisão deste País, que não dão mostras de ter qualificação suficiente para se anteciparem aos acontecimentos que se arrastam e que poderiam e deveriam ter tido uma acção eficaz por parte de que tem como profissão cuidar do interesses públicos.
Então, primeiro deixam-se cair os prédios e só depois, pela acção dos bombeiros, é que se vão retirar os entulhos? Quem deve exercer as funções para que se lhes paga um vencimento e que deveriam evitar chegar-se a uma situação já radical?
O que se assiste por esta capital, em que prédios que foram deitados abaixo depois mantêm-se com o espaço vazio, em que os tapumes impedem mesmo os transeuntes de circular e o mau aspecto visual tem de incomodar toda a vizinhança, a esse espectáculo ninguém põe cobro. Se os senhorios dos tais prédios não têm dinheiro para prosseguir as obras, então que se tomem as medidas necessárias – que podem ser muitas – para que a situação mude, tanto mais que é forçoso dar trabalho aos que se encontram parados e as câmaras municipais têm meios para actuar em conformidade.
Em plena Praça da Alegria, um local bem visitado por turistas, mostra umas casas com mais de cem anos, só de um andar, a desfazerem-se e com um aspecto desolador. Pois não existe no Município lisboeta quem encontre uma solução para o problema?
Estamos, na verdade, entregues ao descalabro. Não temos por cá gente que consiga colocar Portugal no bom caminho, seja no Governo, nos lugares públicos, nos sindicatos, nas empresas e, de uma maneira geral, também nos que se dizem “trabalhadores”. Chegámos a este ponto. E ainda existe quem mantenha esperanças em alguma coisa?
O meu desconsolo é completo. E a razão por que tenho um livro para publicar, com o título “DESENCANTO…POR ENQUANTO!”, aguardando apenas que um editor seja capaz de deitar a mão a uma obra que terá, sem dúvida, o maior êxito junto do público, a razão, repito é de mostrar como conseguimos atingir um lugar tão fundo na Esfera terrestre em que estamos inseridos.
Vou esperando, pois que andar a bater às portas de quem quer que seja, isso não faço. Têm de ser os editores a fazer o seu trabalho e a dar indícios de interesse por obras que merecem ser divulgadas.
Não é de admirar, com esta forma de nós sermos, que esteja tanta coisa por fazer em Portugal. Mas, lá greves é um ver se te avias…

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